[Esta carta ao leitor foi retirada da resenha feita diariamente pelo Exército Brasileiro]
Plebiscito é golpe
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01 Jul 2013
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Carta ao Leitor
O
plebiscito proposto pelo governo e pelo PT é um golpismo por diversos
motivos. Primeiro porque, se ninguém de bom-senso discorda da tese de
que o Brasil precisa de uma reforma do sistema político, também não se
encontra ninguém igualmente sensato que ache que isso deva ser feito via
consulta popular. Segundo, porque a iniciativa é uma tentativa rasteira
do PT e do governo de mudar de assunto, de lançar uma cortina de fumaça
entre eles e os clamores populares. Se há uma coisa que os
manifestantes têm demonstrado à exaustão é que os brasileiros estão
cansados de golpes baixos e promessas vãs. Terceiro, porque não se faz
plebiscito para jogar nos ombros das pessoas o peso de decisões sobre o
funcionamento de coisas complexas. As pessoas não podem ser obrigadas a
decidir exatamente como as instituições devem funcionar. Elas querem
simplesmente que as instituições funcionem bem, que os funcionários
públicos sejam honestos, imparciais e eficientes. que os políticos
representem seus eleitores nas assembleias e no Congresso. Uma
reportagem desta edição revela que o PT e o governo não estão
genuinamente interessados na consulta popular. Eles querem mesmo é usar o
tempo de televisão destinado à discussão das questões a ser propostas
no plebiscito para colocar Lula fazendo propaganda da presidente Dilma
Rousseff, a candidata do partido à reeleição em 2014. Isso é
inaceitável.
Os
brasileiros foram às ruas exigir a reforma dos políticos, não uma
reforma política. Com seus cânticos, suas faixas e cartazes, as pessoas
cobraram honestidade, transparência e eficiência dos políticos e das
autoridades de todos os níveis e partidos. Elas exigiram,
principalmente, o fim da corrupção. Ora. não requer muito tirocínio
concluir que esses anseios podem e precisam ser atendidos imediatamente,
na vigência do atual sistema político. Não há razão alguma para que os
políticos e as autoridades não possam começar desde já a ser e parecer
honestos e funcionais. É escárnio fingir que isso só é possível depois
de um plebiscito em que se vai exigir dos brasileiros uma opinião sobre
tecnicalidades de funcionamento das engrenagens eleitorais. Isso
equivale a médicos perguntarem a familiares de um paciente de UTI se
eles estão de acordo com os remédios perfundidos ou com a porcentagem de
oxigênio no tubo traqueal. Obviamente, eles não vão saber responder.
Mas isso não torna menos justo seu direito de que o paciente tenha o
tratamento adequado. Assim deve ser em relação às instituições. Não se
pode colocar como pré-requisito para a honestidade, eficiência e
transparência delas que as pessoas sejam experts em detalhes de seu
funcionamento. Erigir isso é iludir a plateia. E a plateia tem
demonstrado com todo o vigor que se cansou de ser iludida.
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