[O nó do problema não foi tocado: as PMs continuam a ser parcialmente controladas pelo Exército. E durante o governo FHC, o Congresso transformou os PMs em militares estaduais!]
Bandeira da desmilitarização ganha força
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02 Jul 2013
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Com a onda de protestos, tema é debatido por especialistas que propõem união das polícias Civil e MilitarVera Araújo
Assunto
presente nas manifestações Brasil afora, a desmilitarização das
polícias ganhou força no Rio e está entre as principais bandeiras
defendidas por diversos grupos. A ação do Batalhão de Operações
Especiais da PM no Complexo da Maré - onde dez pessoas morreram na
semana passada - acendeu ainda mais o debate. A ministra da Secretaria
de Direitos Humanos, Maria do Rosário, propôs a reforma nas polícias.
Especialistas acreditam que, antes mesmo de uma proposta de emenda
constitucional, é possível fazer mudanças, com a criação de uma academia
integrada para policiais civis e militares e treinamento em direitos
humanos.
O
professor Ignácio Cano, do Laboratório de Análise da Violência da Uerj,
defende a união das duas polícias, Civil e Militar, mantendo-se o que
há de melhor em cada uma delas.
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O ideal seria instituir uma nova Polícia Civil integrando as duas
corporações, mas conservando elementos positivos de ambas - diz Cano.
Ele
é um dos que defendem uma academia única para as duas polícias, citando
como exemplo o modelo do Ceará. A medida da Secretaria de Segurança de
estabelecer metas fez com que as duas corporações trabalhassem juntas.
Ele sugere ainda a unificação do banco de dados e do sistema de
radiocomunicação.
O
professor de Direito Penal e Criminologia da UFF Daniel Andrés Raizman
explica que uma emenda constitucional para a desmilitarização poderia
até tramitar em cerca de dois meses. Mas ele acha que, antes disso,
podem ser adotadas outras providências:
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A desmilitarização seria uma boa opção, pois quanto menos violência
melhor. Mas há soluções a curto prazo para reduzi-la, como o uso de
câmeras nos capacetes dos policiais do Batalhão de Choque e a melhor
capacitação, com cursos de direitos humanos.
Uma herança da ditadura
Uma
desmilitarização em etapas, de forma a quebrar a resistência que existe
dentro das polícias. É o que defende a criminóloga Elizabeth Süssekind,
do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Para ela, os próprios
policiais não têm uma noção clara do seu papel. Elizabeth lembra que, no
episódio da Maré, o secretário de Segurança do Rio, José Mariano
Beltrame, afirmou que "o estado foi atacado e reagiu".
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Não foi o estado que foi atacado. Uma parte das polícias assumiu a
ideia de que existe para defender o estado ou o governo. Não é isso.
Elas têm que defender direitos, o cidadão. São órgãos com que a
população conta para que possa exercer seus direitos de trabalhar, ter
saúde, ir e vir, de liberdade de expressão.
Gabriel Siqueira, de 24 anos, do Fórum Contra o Aumento das Passagens, explica a importância da reivindicação:
- É uma conta que pagamos desde a ditadura. A PM ainda atua de coturno, sob o regime da caserna. Um sistema atrasado.
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