A falsa solução do plebiscito
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02 Jul 2013
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Editorial
Resultado
de um lance de oportunismo de alas do PT embevecidas pela "democracia
direta" chavista, a Constituinte exclusiva, ideia afastada por flagrante
ilegalidade - não pode haver constituinte para rever apenas partes da
Carta -, foi convertida em plebiscito. Ao vislumbrar uma brecha na crise
das manifestações de rua para contrabandear este antigo sonho do
partido - oficialmente, desde 2007, segundo documentos internos do PT -,
a legenda desembocou numa consulta popular que o governo Dilma precisa
viabilizar junto ao Congresso.
A
tarefa é impossível de ser cumprida, se a ideia for realizar uma
consulta séria à população. Como o tema do plebiscito, a reforma
política, não pode ser traduzido em perguntas simples e objetivas,
exigência de qualquer sondagem popular, a presidente Dilma tem mais um
problema sério sobre a mesa para resolver.
E
tudo isso para pretensamente atender a uma das reivindicações das ruas,
afirmam o governo e o partido. Ora, num sentido bastante amplo, pode-se
entender que as críticas aos políticos e governos em geral, feitas nas
manifestações, podem ser atendidas por uma reforma política. É duvidoso,
porém. Mais ainda quando se sabe que, entre as mudanças arquitetadas
por petistas, está o voto em lista fechada, em que os candidatos são
escolhidos pelos caciques partidários, em barganhas nada transparentes,
distantes do povo em nome do qual se pretende fazer as mudanças. Ironia
pura. E, enquanto o plebiscito vai tomando conta da agenda política, o
governo finge não entender críticas reais feitas nas ruas: prioridades
erradas nos gastos públicos, desperdícios, mais recursos para Educação e
Saúde, por exemplo. É a tradução dos ataques aos estádios para a Copa e
à baixa qualidade do sistema de transporte público urbano.
Em
vez de uma incerta e etérea reforma política, o Planalto deveria
responder às manifestações com ações objetivas e certeiras. Como a
suspensão do mirabolante e bilionário projeto do trem-bala entre Rio e
São Paulo, com o último orçamento em mais de R$ 30 bilhões - cifras
sempre revistas para cima -, e a transferência do que houver de dinheiro
público envolvido na empreitada para viabilizar projetos de trens
suburbanos e metrôs nas duas regiões metropolitanas.
Os
tais "pactos" com os quais Dilma se compromete - a reforma política é
um deles - correspondem a despesas de R$ 50 bilhões. Em entrevista ao
GLOBO, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, promete cortes em gastos de
custeio e/ou aumento de impostos a fim de compensar estas despesas.
Chega a ser um acinte admitir aumentar a já elevada carga tributária,
quando o governo gasta R$ 611 bilhões por ano - ou quase US$ 300 bilhões
- para manter uma enorme máquina burocrática, com 39 ministérios, quase
1 milhão de funcionários e 22 mil servidores apaniguados, donos de
cargos ditos de confiança, para os quais são nomeados por afinidades
pessoais e ideológicas. Explica-se o mau humor demonstrado nas
manifestações. Vandalismo à parte.
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terça-feira, 2 de julho de 2013
A marcha da insensatez: onde isto vai desembocar?
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