Prefeituras do País criam 64 mil cargos para nomeação política em quatro anos
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14 Jul 2013
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Daniel BramattiJosé Roberto de Toledo
Nos
quatro anos de mandato entre 2008 e 2012, os 5.566 prefeitos do País
criaram, em conjunto, 64 mil cargos comissionados - aqueles para os
quais não é necessário fazer concurso público, e que costumam ser
loteados por indicação política. Com a massiva abertura de vagas, o
total de funcionários públicos municipais em postos de livre nomeação
subiu de 444 mil para 508 mil. Juntos, eles lotariam os oito maiores
estádios da Copa de 2014.
Na
semana que passou, milhares de prefeitos, que comandam essas máquinas
municipais muitas vezes infladas por loteamentos políticos, se
deslocaram a Brasília afim de pressionar a presidente Dilma Rousseff a
liberar mais recursos.
Dados
da Pesquisa de Informações Básicas Municipais, divulgada no início do
mês pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revelam
que o porcentual de servidores não concursados é maior nas prefeituras
pequenas - as mais dependentes de verbas federais e as que lideram o
lobby pela ampliação dos repasses.
Na
média, as cidades com até 5 mil habitantes têm 12% de seu quadro
ocupado por servidores comissionados. No restante do universo dos
municípios, essa taxa cai para 8%.
Em
Brasília, os prefeitos foram agraciados com o anúncio de R$ 3 bilhões
em recursos extraordinários. Parte da platéia, porém, vaiou Dilma, pois
queria a ampliação do Fundo de Participação dos Municípios (FPM),
principal canal de repasses federais para as prefeituras.
O
FPM é especialmente importante para os micromunicípios. A receita
tributária própria, de impostos como IPTU, ISS e ITBI, chega no máximo a
3,5% do orçamento das cidades de até 5 mil habitantes, segundo estudo
do pesquisador Fran-çois Bremaeker, da Associação Transparência
Municipal.
Uso político.
Cargos de livre nomeação, em tese, servem para que administradores
públicos possam se cercar de pessoas com quem têm afinidades políticas e
projetos em comum. Na prática, no entanto, é corrente o uso dessas
vagas como moeda de troca. Além de abrigar seus próprios eleitores ou
correligionários, os chefes do Executivo distribuem as vagas sem
concurso para partidos aliados em troca de apoio no Legislativo ou em
campanhas eleitorais.
Os
prefeitos não podem alegar que o crescimento da máquina administrativa
responde a pressões demográficas. De 2008 a 2012,0 número de vagas para
servidores sem concurso cresceu 14%. No mesmo período, a população
brasileira teve aumento de apenas 2%.
Enquanto
as prefeituras abriam as 64 mil vagas, o governo federal, no mesmo
período, passava a abrigar mais 493 servidores não concursados em seus
quadros (aumento de 9%). A diferença de escala fica mais evidente quando
se analisa o total de não concursados: o número é 85 vezes maior na
esfera municipal que na federal (508 mil contra 5.930).
Fenômeno goiano.
A onda de "carguismo" não se manifesta com a mesma força em todas as
regiões. Os números do IBGE mostram que Goiás concentra sete das dez
prefeituras com maior porcentual de não concursados na máquina
administrativa. A primeira colocada é a pequena Vila Propício, no norte
do Estado.
Na
esfera estadual, Goiás também lidera. Reportagem do Estado publicada em
março mostrou que, em 2012, o governador Marconi Perillo (PSDB)
abrigava em sua burocracia 10.175 funcionários sem concurso, cerca de
10% dos servidores estaduais de todo o País nessa situação. A Bahia,
governada pelo petista Jaques Wagner, estava em segundo no ranking em
números absolutos, com 9.240 não concursados.
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domingo, 14 de julho de 2013
Moeda de troca
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