O Globo, 4 de junho de 2013
Funai amplia insegurança jurídica
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O
foco de tensão que já esteve concentrado na atuação de organizações
ditas sociais de trabalhadores sem terra se transfere, no momento, para a
ação de ONGs, da Igreja (Cimi, Conselho Missionário Indigenista),
promotores e procuradores na militância junto a povos indígenas. Com um
objetivo duplo: paralisar o programa estratégico de aproveitamento do
potencial hidrelétrico na Amazônia e ampliar ao máximo reservas
indígenas ao arrepio de normas em fase final de fixação pelo Supremo.
E,
para espanto de não iniciados na forma como o governo é loteado, a
Funai (Fundação Nacional do Índio) não atua, no setor, como órgão
governamental, mas na função de instrumento desta militância. Repete-se o
modelo do Incra com os sem-terra.
Este
é o pano de fundo da série de invasões do canteiro de obras da usina de
Belo Monte, no Rio Xingu, no Pará. Detalhe esclarecedor é que os
mundurukus, por viverem a 800 quilômetros do local, são transportados de
ônibus para fazer as ocupações. Alguém, por óbvio, paga as viagens.
O
conflito, já com a morte de um índio terena, na Fazenda Buriti, em Mato
Grosso do Sul, é outro caso emblemático. A Justiça, como se espera, tem
concedido aos proprietários o direito à reintegração da posse, mas a
pressão continua, com a Funai ao lado dos invasores.
A
autarquia tem trabalhado para ampliar a insegurança jurídica nas áreas
de conflito entre índios e produtores agrícolas. A situação seria outra
se a Funai seguisse as regras estabelecidas pelo Supremo, no julgamento
da legalidade da reserva Raposa Serra do Sol, em Roraima, por meio do
voto do ministro, já falecido, Carlos Alberto Direito, dado depois de um
pedido de vista. A Advocacia Geral da União chegou a baixar portaria,
em julho do ano passado, para instruir os diversos órgãos públicos a
agir nos litígios com base nas diretrizes aprovadas pelo Supremo.
Depois, diante das pressões, voltou atrás.
Funai
e aliados se aproveitam da demora no fechamento formal do processo
sobre a reserva de Roraima e atuam como se nada tivesse acontecido. Não
por acaso, foram impetrados inúmeros embargos ao acórdão do processo,
cujo relator, Ayres Britto, saiu na "expulsória" dos 70 anos de idade. O
indicado para seu lugar, o advogado Luís Roberto Barroso, terá de ser
sabatinado, aprovado pelo Senado e tomar posse para avaliar os embargos e
encerrar o caso.
Segundo
as regras aprovadas, por exemplo, nenhuma reserva já demarcada pode ser
ampliada (já representam 13% do território nacional), nem haverá
restrição - como desejam Funai e aliados - à atuação das Formas Armadas e
da Polícia Federal nas áreas.
Preocupada
com a tensão, a presidente Dilma convocou ministros e determinou a
criação de programas sociais específicos para os índios. Mas, em vez de
instituir um "Bolsa índio", a prioridade da presidente deveria ser
enquadrar a Funai e reintegrá-la ao Estado brasileiro.
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terça-feira, 4 de junho de 2013
Mais um caso de insegurança jurídica
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