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Dom ,
16/06/2013 às 07:50
Ideli admite que Congresso 'às vezes faz chantagem'
Débora
Bergamasco | Agência Estado
Enfrentando
uma das mais agudas crises entre Executivo e Legislativo, a ministra das
Relações Institucionais, Ideli Salvatti, admitiu que o Congresso às vezes faz
chantagem com o governo e diz que a prática não é vista com bons olhos pela
presidente Dilma Rousseff. Adianta que na próxima semana vai liberar R$ 2 bilhões
em emendas parlamentares, o que deve desanuviar o céu de Brasília. E recomenda
"divã e maracugina" aos parlamentares.
"Vou
te dizer que essa possibilidade (de chantagem) existe e de vez em quando acontece", disse
Ideli. Na posição de mediadora entre os dois Poderes, a ministra atribui a
culpa desse costume ao sistema político eleitoral, que obriga a formação de um
governo de coalizão.
"A
questão dos cargos, que não é prerrogativa dos parlamentares, acaba sendo uma, digamos,
decorrência da obrigatoriedade de fazer coalizão. O aliado pensa: 'Se vou
ajudar aqui (no Executivo), o meu partido vai ajudar lá (no Legislativo)'.
Então é legítima também a postulação de compartilhamento dos postos de execução
do governo."
Em outras
palavras, a ministra vê como natural o toma lá dá cá. Mas reconhece que nem
sempre o universo é harmônico e detecta abusos. "É claro que isso, em
muitas situações, acaba provocando distorção, como apresentação de nomes que
não são compatíveis, ou exigências que passam da conta, passam do razoável para
a coalizão."
Além de
aspirar a nomeações, os legisladores estão ressentidos porque o dinheiro das
emendas parlamentares ainda não começou a pingar. A ministra se esquiva:
"No ano passado, que o orçamento foi votado na época certa, eu já estava
empenhando as emendas em abril e este ano ainda nem comecei. Mas foi
responsabilidade nossa? Não. Eles poderiam ter votado o orçamento no ano
passado."
'Pior
cadeira'
Sentada
há dois anos na "pior cadeira" da Esplanada, Ideli diz se sentir como
um problema de Física - disciplina na qual é licenciada para dar aulas - por
sofrer pressões da Presidência, dos parlamentares, prefeitos e governadores. "Tudo bem, pode ter
flechinha de força vinda de todos os lados, o importante é a força resultante.
E a nossa resultante é positiva. Apesar das flechas e das flechadas."
Para
recordar, força resultante na Física é o somatório vetorial de todas as forças
que atuam sobre um corpo. Na política, significa aprovar no Congresso matérias
de interesse do governo, como desonerações, MP dos Portos, Código Florestal.
A
ministra considera o momento "apimentado" entre os dois Poderes como
consequência da antecipação do calendário eleitoral, iniciado, na visão dela,
não pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "Aécio (Neves, provável
candidato tucano à Presidência) já estava a mil pelo Brasil e Eduardo Campos
(possível candidato do PSB à Presidência) já estava com dedinhos à mostra,
ambos querendo se tornar conhecidos nacionalmente."
Na visão
de parlamentares ouvidos pela reportagem em condição de anonimato -
"porque ninguém quer pôr o rostinho", espeta Ideli -, as principais
críticas ao trabalho da ministra são a falta de autonomia e de jogo de cintura,
atributo de ex-titulares da pasta como o atual ministro do Tribunal de Contas
da União José Múcio Monteiro, e a proeza de desagradar até parlamentares do PT.
A ministra tenta se explicar.
"A
grande dificuldade do meu cargo é que aqui não tem nada que seja da minha total
governabilidade. Nada. Não executo nada, todo o meu trabalho depende dos
outros. Múcio foi mesmo muito competente. Mas tem uma rapaziada que faz de
conta que não entende que durante determinado período estava uma outra
personalidade presidindo o País", diz. "A maneira de o senhor Luiz
Inácio Lula da Silva, digamos, interagir é diferente da maneira da presidente
Dilma. Ela é extremamente preocupada com a questão do monitoramento. Lula
delegava mais." As informações são do jornal O Estado de São Paulo.
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