Poder e parlamento
Autor(es): Rubem Azevedo Lima |
Correio Braziliense - 03/06/2013 |
Nossa democracia, ainda frágil, não comporta esse tipo de risco político. Veja-se o que isso causou na Espanha, país no qual até os militares invadiram o Congresso, insatisfeitos, após o regime de Franco. Nesse país deu-se a queda, não só do Parlamento, mas do regime, que era o reinado. O rei D. Afonso XIII, em pronunciamentos agressivos aos legisladores e ao povo, foi deposto, alegando que enviava projetos aos congressistas, e esses não aprovavam nenhum deles. Ele disse que a responsabilidade política passara da Coroa aos parlamentares. Em consequência, a culpa não lhe cabia, em absoluto. Em setembro de 1923, a ditadura, claro, caiu nas mãos de um general, Primo de Rivera, comandante da Catalunha, que, como nosso general Costa e Silva, disse que ia ao exterior e voltaria para assumir o poder. Primo de Rivera declarou, antes de tudo, que a ditadura era ele, o ditador. Em tal cargo, ele ficou sete anos, até 1930. Nesse ano, o Brasil ficou sob a ditadura Vargas, que duraria 16 anos, em três etapas. São Paulo obrigou-o a fazer eleições presidenciais. Getúlio fez e perdeu-as, pelo voto, mas ganhou com o golpe de seus militares, a começar por Góis Monteiro, que exploraram o cadáver de João Pessoa, ex- vice de Getúlio, mas morto em luta amorosa e nas urnas. A República, ela própria, não teve eleição democrática. Dois marechais a disputaram, em pleito no Congresso, que depois se desentenderam. O pior veio nos anos 60 do século 20. Esse golpe durou 21 anos, nos quais morreram não se sabe quantos brasileiros. Busca-se, hoje, a verdade no país, desde seus anos de chumbo. A presidente Dilma lutou, naqueles anos, ao lado dos que perderam. Mas ela deve saber que é hora de purgar todos os crimes, pois, ao que parece, esses estimulam a impunidade de outros, até em nossa política, para maior vergonha do Brasil, frente ao mundo. |
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