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O decálogo do perfeito idiota da direita
Quais são as ideias típicas dos conservadores
brasileiros na atualidade? Algumas são permanentes, outras conjunturais.
Amanhã serão substituídas por novas idiotices. O estoque é imenso.
por Marcos Coimbra
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publicado
14/06/2013 19:32
Entre assombrações, equívocos e
estereótipos, o pensamento conservador brasileiro anda atulhado de
idiotices. Alguns nada mais fazem que repeti-las. Outros contribuem para
aumentá-las. O título desta coluna alude àquele de uma obra que teve
certa voga há quase 20 anos e hoje parece antediluviana. Publicado em
1996, o Manual do Perfeito Idiota Latino-Americano era um
ataque contra a esquerda e expressava o neoliberalismo triunfante que se
espalhava pelo continente. Quem discordasse de seus axiomas era idiota.
Passou o tempo e a história mostrou o inverso. Nenhuma das experiências de governo inspiradas no Manual deu
certo. Os povos sul-americanos escolheram caminhos diferentes, de mais
realizações. Quem zombava dos outros, com a agressividade verbal
característica dos autoritários, é que se revelou um tolo.
Quais são as ideias típicas dos conservadores brasileiros
na atualidade? Algumas são permanentes, outras conjunturais. Amanhã
serão substituídas por novas idiotices. O estoque é imenso. Vamos às dez
mais comuns:
O Brasil está à beira do abismo
Ainda que os cidadãos normais tenham dificuldade de
entender quem diz isso, os genuínos idiotas da direita estão
convencidos: vivemos o caos e estamos a caminho do buraco. Há exemplo
mais patético que a “inflação do tomate”?
O Bolsa Família é esmola usada para manipular os pobres
Marca distintiva desses idiotas, a ideia mistura
velharias, como a noção de que os pobres são constitutivamente
preguiçosos, com a pura inveja de ter sido Lula o criador do programa.
No fundo, o conservador despreza os mais humildes.
O Brasil tem um governo inchado
Mundo afora, depois de a crise internacional sepultar a
tese de que Estado bom é Estado mínimo, ninguém mais tem coragem de
revivê-la. A não ser no Brasil. Fernando Henrique Cardoso deixou 34
ministérios quando saiu do governo. Esse seria o tamanho ótimo? Cinco a
mais se constitui uma catástrofe?
O Brasil tem municípios demais
Exemplo de idiotice conjuntural, é prima da anterior. Que
sentido haveria em considerar imutável a organização administrativa de
um país em que a população se movimenta pelo território, fixando-se em
novas regiões?
O Judiciário é nosso deus e Joaquim Barbosa, nosso pastor
Como seus parentes no resto do mundo, os conservadores
brasileiros desconfiam da política e têm ojeriza a políticos. Quem mais
senão o presidente do Supremo Tribunal Federal encarnaria os “anseios da
sociedade contra os políticos corruptos”? Transformado em ferrabrás dos
petistas, Barbosa virou herói da direita.
O “mensalão” foi o maior escândalo de nossa história
Conversa para boi dormir entre os conhecedores da política
brasileira, o “mensalão” não passa de um exemplo do modo como as
campanhas eleitorais são financiadas. Só os desinformados acreditam ser
ele um caso excepcional.
A liberdade de imprensa está ameaçada
Na vida real, ninguém leva isso a sério. Volta e meia, a
ideia é, no entanto, usada pela imprensa conservadora para defender os
interesses de um pequeno grupo de corporações de mídia. De carona,
alguns políticos da oposição a endossam para preservar as relações
privilegiadas que mantêm com os proprietários dos meios de comunicação.
Dilma antecipou a eleição
Desde ao menos o início do ano, a oposição de direita
repete, em tom queixoso, o mantra. O que imaginava? Que uma presidenta
tão bem avaliada não fosse candidata? Que fingisse não sê-lo? Qualquer
idiota sabe que os governantes pensam na reeleição. Assim que tomam
posse, entram no páreo.
O Brasil virou as costas para seus parceiros internacionais e se aliou aos radicais
A fantasia desconhece a realidade da política externa e o
modo como funciona a diplomacia brasileira. É montada em duas etapas:
primeiro, desconstrói-se a imagem de um país ou liderança. Depois,
afirma-se que o governo a apoia. De qual país o Brasil se afastou, de
fato, nos últimos anos?
O Brasil moderno está na oposição, o arcaico é governo
Trata-se de um erro factual, somado a muita pretensão. Ao
contrário, como mostram as pesquisas, o governo é mais bem avaliado (e
Dilma tem mais votos) entre, por exemplo, jovens e aqueles conectados à
internet que na média da população. A oposição possui, é claro, sua base
na sociedade. Em nada, no entanto, esta é “melhor” que aquela apoiadora
do governo.
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