Protestos são uma coisa na Turquia e outra no Brasil
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25 Jun 2013
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Editorial
O
primeiro-ministro da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, insiste que os
protestos no país resultam de uma conspiração de forças estrangeiras,
banqueiros e imprensa contra seu governo. E decidiu inovar: passou a
dizer que o Brasil é vítima da mesma trama - "aqueles que falharam na
Turquia estão fazendo seu melhor no Brasil" -, afirmou.
Nada
mais longe da verdade. A população turca foi para as ruas porque está
farta da arrogância e do autoritarismo de Erdogan. A centelha foi sua
decisão de transformar um parque central em Istambul, a única área verde
naquela região, numa réplica de quartel otomano que abrigaria um
shopping. Descaso para com o meio ambiente e a vontade popular e
tentativa de reviver glórias do Império Otomano.
Grande
parte dos turcos cansou-se também da campanha do premier para islamizar
o país, afastando-se do legado de Kemal Ataturk, o fundador da
república, em 1923, e responsável pela separação entre religião e
Estado, que garantiu o caráter laico da sociedade e ajudou a modernizar o
país.
Os
protestos são contra o premier, a dura repressão policial e o desprezo
pelas demandas da população. Isso a despeito de seu governo ter sido
muito bem-sucedido na revitalização da economia turca, hoje um
importante país emergente, e de ter relançado a nação na política
internacional, aumentando consideravelmente sua influência.
Erdogan
ameaça um modelo que se tornou admirado ao demonstrar a viabilidade de
convivência entre um governo islâmico moderado e a democracia. Com isto,
complica também os esforços de décadas do país para entrar na União
Europeia.
As
manifestações no Brasil começaram a partir de uma questão simples, a
redução no preço das passagens do transporte público, e se ampliaram
para demandas como rejeição à classe política e aos partidos; crítica à
alocação de recursos para obras ligadas à Copa do Mundo de 2014 e às
Olimpíadas de 2016 e exigência de mais verbas para melhorar a saúde, a
educação, os transportes e a segurança públicos; rechaço à corrupção
incrustada na vida política nacional, da qual o mensalão foi um dos
piores exemplos.
As
diferenças não param por aí. Na Turquia, Erdogan, há dez anos no poder,
pretende se perpetuar e se eleger presidente, aumentando a força do
cargo, imperialmente. Se isto será possível politicamente são outros
quinhentos. Já no Brasil, a democracia funciona exemplarmente. E as
autoridades brasileiras, criticadas nas manifestações, estão se
esforçando para entender e atender a demandas dos manifestantes. Ao
contrário de Erdogan.
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terça-feira, 25 de junho de 2013
Piada de O Globo: "a democracia funciona exemplarmente"
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