sábado, 29 de junho de 2013

Defesa e Segurança misturadas no Brasil

Polícia faz subirem gastos com armas na América Latina
29 Jun 2013

Relatório de consultoria aponta grande crescimento na região, mas não diferencia custo de segurança interna

Brasil compra poucos equipamentos novos e destina boa parte do seu orçamento a pagar pensões de militares

RICARDO BONALUME NETO DE SÃO PAULO


Um relatório da empresa de consultoria de informação IHS (Information Handling Services) divulgado em Londres sugeriu que o setor de defesa e segurança vai ter um grande crescimento na América Latina, especialmente no Brasil, na próxima década.
"Defesa" costuma ser definida como a área de atuação das Forças Armadas --Exército, Marinha, Força Aérea. "Segurança" seria a área ligada ao policiamento, interno e de fronteiras, assim como por empresas privadas.
O relatório fala que o aumento dos gastos com a "indústria de defesa" na região se deve a maiores gastos com "segurança interna".
E, de fato, há uma justaposição na área industrial entre os dois setores; por exemplo, tanto Forças Armadas como polícias compram peças como botas ou coletes de proteção contra balas, armas portáteis e munição. É difícil saber quem está comprando, ainda mais num país com polícias "militares" estaduais.
Segundo o relatório, o orçamento de defesa brasileiro de 2012, de US$ 30,6 bilhões, foi maior do que o do Canadá ou do Irã, logo abaixo de gastadores tradicionais como Alemanha e Arábia Saudita.
Os gastos com importação de produtos de defesa e segurança na América Latina aumentaram 16% entre 2008 e 2012, diz o relatório, de US$ 3,42 bilhões para US$ 3,96 bilhões. Já o Brasil teria tido um aumento proporcionalmente maior, 87%, de US$ 497 milhões para US$ 931 milhões.
Muito do orçamento brasileiro, contudo, vai para pensões de militares reformados (aposentados). Pouco tem sido gasto na compra de novos equipamentos. Boa parte do equipamento recentemente adquirido é se segunda mão.
O Canadá compra equipamento de primeira linha, apesar de ter Forças Armadas pequenas. A Alemanha gasta cada vez menos com armamentos. E Irã e Arábia Saudita são países autoritários com estatísticas pouco confiáveis, além de terem necessidades de defesa prementes --ao contrário do Brasil, que não tem inimigos externos.
Como mostra o relatório, a tendência na América Latina é participar conjuntamente de missões de paz, e tentar unir sua base.
O melhor exemplo é o KC-390, desenvolvido pela Embraer com apoio da Força Aérea Brasileira. Além de participação argentina na fabricação, este que deverá ser o maior avião construído no país também já despertou interesse de Colômbia e Chile.

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