segunda-feira, 10 de junho de 2013

Saudades da ditadura

Folha de S. Paulo, 10 de junho de 2013.

Promotor incita violência contra manifestantes e depois pede desculpas

GIBA BERGAMIN JR.
DE SÃO PAULO
RICARDO BUNDUKY
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
O promotor Rogério Zagallo, da 5ª Vara do Júri de São Paulo, publicou texto no Facebook, na sexta-feira, com xingamentos a manifestantes do Movimento Passe Livre e incitando a violência.

Ontem, ele apagou o comentário, pediu desculpas e disse à Folha que foi apenas um desabafo.
"Estou há duas horas tentando voltar para casa, mas tem um bando de bugios revoltados parando a Faria Lima e a Marginal Pinheiros. Por favor alguém pode avisar a Tropa de Choque que essa região faz parte do meu Tribunal do Júri e que se eles matarem esses filhos da puta eu arquivarei o inquérito policial", diz o texto.
"Que saudades do tempo em que esse tipo de merda era resolvida com borrachada nas costas dos medras (sic)", continua. Zagallo afirmou ontem que publicou o texto, mas que só mal-intencionados achariam que as declarações são sua opinião.
"Entendo como lícita e válida toda forma de protesto, debate e discussão sobre temas que estão na pauta da administração...o Movimento Passe Livre exercitou seu legítimo direito", escreveu ontem, ao se desculpar.
Segundo ele, o texto "foi fruto de desabafo feito por pessoas que estavam há muito tempo paradas no trânsito, mas que tinham compromisso com seus filhos". Ele diz que se manifestou como cidadão. "Foi uma forma de expressão, jamais caracterizando aquiescência com execuções ou arbitrariedades".
Em março de 2011, ele escreveu num processo que um policial deveria melhorar sua mira. "Bandido que dá tiro para matar tem que tomar tiro para morrer. Lamento que tenha sido apenas um dos rapinantes enviado para o inferno. Fica o conselho: melhore sua mira". A Procuradoria-Geral de Justiça avaliará a publicação.



Reprodução/Facebook
Postagem do promotor em rede social na noite de sexta-feira (7)




Folha de S. Paulo 17/09/2011

Promotor aconselha policial a melhorar mira para matar ladrão

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ANDRÉ CARAMANTE
DE SÃO PAULO
"Bandido que dá tiro para matar tem que tomar tiro para morrer. Lamento, todavia, que tenha sido apenas um dos rapinantes enviado para o inferno. Fica aqui o conselho para Marcos Antônio: melhore sua mira..."
O texto é do promotor Rogério Leão Zagallo, do 5° Tribunal do Júri de São Paulo.
Foi escrito numa manifestação na qual pediu, em março deste ano, o arquivamento do inquérito que investigava as circunstâncias em que o policial civil Marcos Antônio Teixeira Marins havia matado um homem que, ao lado de um comparsa, teria tentado roubar o carro que dirigia.
Na versão do policial civil, a dupla tentou atirar nele, motivo pelo qual reagiu.

Diogo Shiraiwa/Editoria de Arte/Folhapress
Promotor Rogério Leão Zagallo pede arquivamento de inquérito que investiga morte de suspeito
Promotor Rogério Leão Zagallo pede arquivamento de inquérito que investiga morte de suspeito
"O agente matou um fauno que objetivava cometer assalto contra ele, agindo absolutamente dentro da lei", escreveu o promotor em sua manifestação, comparando o suspeito morto no episódio ao ser da mitologia romana meio homem meio animal.
As polêmicas observações feitas por Zagallo são alvo agora da Corregedoria do Ministério Público. O procurador-geral de Justiça do Estado, Fernando Grella Vieira, não quis comentar o caso.
O pedido pelo arquivamento da apuração das circunstâncias da morte do suspeito foi aceito pela Justiça.
Dessa forma, o policial civil não foi processado por homicídio doloso --quando há intenção de matar.
Zagallo disse à Folha não ter interesse em falar publicamente sobre o texto. "O que eu tinha para me manifestar sobre esse caso está escrito no documento. Não quero mais falar sobre isso", disse.

















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