Ustra cita Dilma e diz que lutou contra o terrorismo e cumpria ordens
- Ex-dirigente do DOI-Codi leu declaração perante Comissão da Verdade, mas se nega a responder perguntas
- ‘Com uma espécie de vara de marmelo na mão, ele me batia. Outros vinham e me davam telefone’, diz vereador sobre tortura por Ustra
Evandro Éboli
Publicado:
Atualizado:
BRASÍLIA — O coronel reformado Carlos Alberto Brilhante Ustra, que
dirigiu o DOI-Codi em São Paulo, disse nesta sexta-feira à Comissão da
Verdade que lutou contra o terrorismo e que, se não fosse sua luta, a
ditadura do comunismo estaria imposta até hoje e ele teria ido para o
paredão. Ustra fez uma declaração inicial e disse que não responderia
perguntas, mas decidiu replicar algumas delas. Na sua fala inicial,
Ustra diz que combateu mais de 40 organizações de esquerda, "entre elas
quatro em que atuou a atual presidente da República".
— Lutamos contra o terrorismo. Eles atacavam quartéis, roubavam armas, incendiavam rádio patrulhas e explodiram dezenas de bombas — disse Ustra. — Enfrentei várias organizações de esquerda, entre elas quatro nas quais a atual presidente da República atuou — disse.
Ustra disse também que foi um militar exemplar, que nunca assassinou ninguém ou torturou e que cumpriu ordens.
— Estávamos cientes que lutávamos para preservar a democracia e lutando contra o comunismo. Do contrário, Íamos virar um Cubão. Se não fosse nossa luta não estaria aqui hoje. Teria ido para o paredón. Não existiria democracia hoje em nosso país. Estaríamos num regime de Fidel Castro. Mas estou aqui porque nós vencemos. E nossos inimigos terroristas. foram eleitos pelo voto e pela democracia que nós preservamos.
O militar lembrou que recebeu a mais alta condecoração do Exército, a Medalha do Pacificador.
— Nunca fui punido, repreendido. Recebi os melhores elogios na minha vida militar e a mais alta condecoração do Exército, a Medalha do Pacificador. Com muito orgulho digo que cumpri a minha missão. Quem deve estar aqui não é o Ustra, mas o Exército brasileiro. Não sou eu não senhor. O Exército assumiu por ordem do presidente da República o combate ao terrorismo. E cumpri todas as ordens. Ordens legais— disse. — Nunca, como se diz, ocultei cadáver, cometi assassinato. Vou em frente nem que morra assim. Lutei, lutei e lutei. E tenho dito.
Também em depoimento nesta sexta-feira, o ex-servidor do DOI-Codi de São Paulo e ex-sargento Marival Chaves assegurou que Ustra, então capitão, comandava as torturas na repressão. Marival afirmou que Ustra era "senhor da vida e da morte", escolhia quem iria viver ou morrer.
Vereador relata ter sido torturado por Ustra com choques
Mais cedo, o vereador de São Paulo Gilberto Natalini (PSDB) contou na Comissão da Verdade que foi torturado pessoalmente por Ustra, em 1972, nas dependências do DOI-Codi, na capital paulista. Então estudante de Medicina, Natalini ficou dois meses preso. Ele contou que fazia poesias que tinham também como conteúdo temas ligados à democracia e à repressão. Ustra decidiu, então, torturá-lo da seguinte maneira, segundo ele:
— O Ustra mandou me despir, me colocou em pé numa poça d´água numa cela e com aqueles fios de choque pelo meu corpo. Chamou para testemunhar vários agentes e soldados e exigiu que eu declamasse minhas poesias. Durante horas, ele, com uma espécie de vara de marmelo na mão, me batia. Outros vinham e me davam telefone (tapa com as mãos nos ouvidos) e muito eletrochoque — disse Natalini, que se emocionou em alguns momentos em seu depoimento.
Depoimento de Ustra termina em bate-boca
A audiência de Ustra terminou em confusão e bate-boca na plateia. A discussão ocorreu no final da sessão, quando o presidente da comissão, Cláudio Fonteles, perguntou a Ustra se era verdade que torturou o vereador Gilberto Natalini no Doi-Codi e o obrigou, durante a tortura, a declamar poesias de sua autoria. Fonteles, então, aproveitando a presença de Natalini na plateia, perguntou a Ustra se aceitava uma acareação, o que ele negou.
— Não faço acareação com terrorista — respondeu Ustra, exaltado.
Neste momento, Natalini levantou na plateia e gritou que não era terrorista e disse que “o senhor que é bandido”, se dirigindo a Ustra. Em outro lugar na plateia, dois oficiais da reserva do Exército saíram em defesa de Ustra: o general Rocha Paiva e o general Luiz Adolfo Sodré de Castro, que até março de 2011 era comandante militar do Planalto. Em resposta, Castro chama Natalini de terrorista.
Antes do depoimento de Ustra, Cláudio Fonteles disse que o depoimento do coronel seria uma oportunidade para que ele se defenda:
— Estamos dando a ele uma oportunidade de se defender, de contar o que sabe. Se ele se cala, está ensejada a presunção de culpa — disse Fonteles.
O conselheiro afirmou que a comissão deverá subsidiar o Ministério Público com informações em eventual recurso par derrubar decisão da Justiça que assegurou a Ustra seu silêncio.
— Qual a situação de Ustra hoje? É um anistiado. Ou seja, não corre risco de ser réu nem de ser condenado. E, por isso, não tem como se autoincriminar. Então não cabe seu silêncio em sua defesa. É o que vamos levar ao Ministério Púbico — disse Fonteles.
— Lutamos contra o terrorismo. Eles atacavam quartéis, roubavam armas, incendiavam rádio patrulhas e explodiram dezenas de bombas — disse Ustra. — Enfrentei várias organizações de esquerda, entre elas quatro nas quais a atual presidente da República atuou — disse.
Ustra disse também que foi um militar exemplar, que nunca assassinou ninguém ou torturou e que cumpriu ordens.
— Estávamos cientes que lutávamos para preservar a democracia e lutando contra o comunismo. Do contrário, Íamos virar um Cubão. Se não fosse nossa luta não estaria aqui hoje. Teria ido para o paredón. Não existiria democracia hoje em nosso país. Estaríamos num regime de Fidel Castro. Mas estou aqui porque nós vencemos. E nossos inimigos terroristas. foram eleitos pelo voto e pela democracia que nós preservamos.
O militar lembrou que recebeu a mais alta condecoração do Exército, a Medalha do Pacificador.
— Nunca fui punido, repreendido. Recebi os melhores elogios na minha vida militar e a mais alta condecoração do Exército, a Medalha do Pacificador. Com muito orgulho digo que cumpri a minha missão. Quem deve estar aqui não é o Ustra, mas o Exército brasileiro. Não sou eu não senhor. O Exército assumiu por ordem do presidente da República o combate ao terrorismo. E cumpri todas as ordens. Ordens legais— disse. — Nunca, como se diz, ocultei cadáver, cometi assassinato. Vou em frente nem que morra assim. Lutei, lutei e lutei. E tenho dito.
Também em depoimento nesta sexta-feira, o ex-servidor do DOI-Codi de São Paulo e ex-sargento Marival Chaves assegurou que Ustra, então capitão, comandava as torturas na repressão. Marival afirmou que Ustra era "senhor da vida e da morte", escolhia quem iria viver ou morrer.
Vereador relata ter sido torturado por Ustra com choques
Mais cedo, o vereador de São Paulo Gilberto Natalini (PSDB) contou na Comissão da Verdade que foi torturado pessoalmente por Ustra, em 1972, nas dependências do DOI-Codi, na capital paulista. Então estudante de Medicina, Natalini ficou dois meses preso. Ele contou que fazia poesias que tinham também como conteúdo temas ligados à democracia e à repressão. Ustra decidiu, então, torturá-lo da seguinte maneira, segundo ele:
— O Ustra mandou me despir, me colocou em pé numa poça d´água numa cela e com aqueles fios de choque pelo meu corpo. Chamou para testemunhar vários agentes e soldados e exigiu que eu declamasse minhas poesias. Durante horas, ele, com uma espécie de vara de marmelo na mão, me batia. Outros vinham e me davam telefone (tapa com as mãos nos ouvidos) e muito eletrochoque — disse Natalini, que se emocionou em alguns momentos em seu depoimento.
Depoimento de Ustra termina em bate-boca
A audiência de Ustra terminou em confusão e bate-boca na plateia. A discussão ocorreu no final da sessão, quando o presidente da comissão, Cláudio Fonteles, perguntou a Ustra se era verdade que torturou o vereador Gilberto Natalini no Doi-Codi e o obrigou, durante a tortura, a declamar poesias de sua autoria. Fonteles, então, aproveitando a presença de Natalini na plateia, perguntou a Ustra se aceitava uma acareação, o que ele negou.
— Não faço acareação com terrorista — respondeu Ustra, exaltado.
Neste momento, Natalini levantou na plateia e gritou que não era terrorista e disse que “o senhor que é bandido”, se dirigindo a Ustra. Em outro lugar na plateia, dois oficiais da reserva do Exército saíram em defesa de Ustra: o general Rocha Paiva e o general Luiz Adolfo Sodré de Castro, que até março de 2011 era comandante militar do Planalto. Em resposta, Castro chama Natalini de terrorista.
Antes do depoimento de Ustra, Cláudio Fonteles disse que o depoimento do coronel seria uma oportunidade para que ele se defenda:
— Estamos dando a ele uma oportunidade de se defender, de contar o que sabe. Se ele se cala, está ensejada a presunção de culpa — disse Fonteles.
O conselheiro afirmou que a comissão deverá subsidiar o Ministério Público com informações em eventual recurso par derrubar decisão da Justiça que assegurou a Ustra seu silêncio.
— Qual a situação de Ustra hoje? É um anistiado. Ou seja, não corre risco de ser réu nem de ser condenado. E, por isso, não tem como se autoincriminar. Então não cabe seu silêncio em sua defesa. É o que vamos levar ao Ministério Púbico — disse Fonteles.
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