Folha de
S. Paulo, 27 de maio de 2013.
Força Nacional é usada para
funções da Polícia Federal
REYNALDO
TUROLLO JR.
DE SÃO PAULO
DE SÃO PAULO
Criado em 2004, grupo de elite vem realizando ações como patrulha de fronteiras e proteção a testemunhasDas 123 operações realizadas pela Força Nacional de novembro a abril, 27% foram em apoio à Polícia FederalREYNALDO TUROLLO JR. DE SÃO PAULO
Criada
em 2004 pelo Planalto para apoiar Estados em crise na segurança pública, a
Força Nacional de Segurança (FNS) vem sendo usada cada vez mais para suprir
deficiências da Polícia Federal.
Ações
da alçada da PF, como patrulha de fronteiras, combate a crimes ambientais e
proteção a testemunhas, estiveram entre as operações mais recorrentes da FNS
nos últimos cinco anos.
Os
dados constam de relatório das operações da FNS obtido pela Folha por meio da
Lei de Acesso à Informação.
Das
123 operações realizadas pela FNS de novembro de 2004 a abril deste ano, 33
(27% do total) foram em apoio à PF, a maioria delas no Norte do país.
No
início, como forma de assegurar a autonomia dos Estados, apenas governadores
podiam acionar a FNS. Em 2008, contudo, o Ministério da Justiça também
autorizou órgãos federais a solicitá-la.
Para
Jones Leal, presidente da Federação Nacional dos Policiais Federais, a FNS
está sendo usada para tapar buracos da atuação da PF, sobretudo nas
fronteiras.
"Nossas
atribuições legais estão sendo usurpadas e as polícias dos Estados de origem
ficam desfalcadas", afirma o sindicalista, que defende mais contratações
na PF.
O
governo federal, que coordena as operações da FNS, paga diárias de R$ 200 em
média aos policiais da Força, que continuam a receber salário nos Estados.
A
secretária nacional de Segurança Pública, Regina Miki, diz que a FNS não
substitui a PF, mas apenas dá apoio no policiamento.
Questionado
sobre falta de efetivo e o papel das parcerias com a Força Nacional, o
comando da PF não respondeu.
Segundo
a Federação dos Policiais Federais, a PF tem cerca de 12 mil servidores em
todo o país --em São Paulo, só a PM tem 88,7 mil homens.
A
Força Nacional dispõe de um efetivo flutuante de cerca de 1.300 policiais
civis e militares, bombeiros e peritos.
Em
março deste ano, um decreto presidencial ampliou novamente a possibilidade de
acionamento da FNS --ministros agora podem pedir apoio.
O
ministro Edison Lobão (Minas e Energia) já usou o mecanismo, por exemplo,
para conter protestos de trabalhadores e ativistas nas obras da usina de Belo
Monte (PA).
A
secretária Regina Miki afirma que a ampliação dos "chefes" da FNS
não afetará a soberania dos Estados.
|
|
Nenhum comentário:
Postar um comentário