Senado burla até consultoria da FGV
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26 Mai 2013
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Estudo recomenda a redução para 25 do número de servidores por gabinete. Senadores driblam proposta com artifício de manter teto de gastos, mas geram novas despesasAmanda Almeida
Anunciado
pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDBAL), como mais uma das
medidas de austeridade na reforma administrativa do Senado, o “corte” de
servidores de gabinetes de senadores não passa, por ora, de uma peça de
marketing que não traz economia ao contribuinte. Na prática, nenhum
parlamentar terá de abrir mão de funcionários de confiança, por uma
razão simples: o “limite” de cargos imposto a cada um é suficientemente
alto.
Pela
nova regra, os senadores terão de reduzir de 79 para 55 o máximo de
funcionários de confiança à disposição. Número sob medida, já que nenhum
parlamentar emprega mais do que isso. Para a Fundação Getúlio Vargas
(FGV), autora de estudo encomendado pelo próprio Senado, a folha
salarial está inchada: o relatório da instituição aponta que 25
comissionados seriam suficientes para atender as necessidades de cada
gabinete.
A
FGV recomendou a “definição de um teto de 25 servidores para o número
de funcionários que podem ser contratados por gabinete de senador, com
validade a partir de fevereiro de 2011 (nova legislatura), de forma a
evitar o excessivo fracionamento de funções a consequente multiplicação
de custos com salários indiretos”. Enviada ao Senado em 2009, a proposta
da FGV foi logo sepultada pela Subcomissão de Reforma Administrativa,
criada em 2010,como resposta do então presidente da Casa, José
Sarney(PMDB-AP), ao escândalo dos atos secretos. Prevaleceu acordo,
costurado pelos parlamentares à sua conveniência, esticando o limite
proposto pela FGV. “No meio das discussões da comissão, viram que nenhum
senador tinha mais que 50 e poucos comissionados. Então, ficou acertado
55, o que não afetaria ninguém”, admite um dos integrantes do grupo,
que não conseguiu levar à frente seu relatório final. O senador Pedro
Simon(PMDBRS), um dos poucos que têm menos de 25 comissionados nos
gabinetes, diz que é possível trabalhar com equipe pequena. “Sempre
preferi um número menor de funcionários para podermos trabalhar mais
integrados”, diz. Ele tem 15 funcionários com cargo de confiança.
Manobra
Pelo
regulamento interno do Senado, os parlamentares têm direito a apenas 12
funcionários comissionados, cuja soma de gratificações chega a R$ 170
mil. Mas, em uma manobra no regimento, foi permitido aos senadores
fracionar esses cargos, desde que dividam os mesmos cerca de R$ 170 mil
em salários. Assim, chegou-se ao número inchado de 79 comissionados,
reduzidos agora para 55.Embora a soma das gratificações continue a
mesma, a multiplicação de funções de confiança gera gastos extras ao
Senado. O auxílio alimentação, por exemplo, é de R$ 740,96 para todos os
comissionados, independentemente do salário. Um gabinete que emprega 12
pessoas de confiança gera uma despesa mensal de R$ 8,8 mil para o
Senado. Já um senador que opta por ter 55 cargos comissionados tem um
gasto de R$ 40,7 mil mensal com o auxílio alimentação. Hoje, o gabinete
com mais funcionários é o do senador Ataíde Oliveira (PSDBTO). São nada
menos que 66 servidores. Ainda assim, ele escapa do corte. Isso porque
há cinco servidores efetivos e outros 18 foram cedidos para outros
setores do Senado. As duas situações não entram na conta dos 55 cargos
de confiança. Assim, ele ainda tem margem para contratar mais pessoal,
já que soma 43 comissionados. A mesma situação se repete nos gabinetes
do ex-presidente Fernando Collor (PTBAL), de João Alberto Souza
(PMDBMA), de Gim Argello (PTBDF) e de Vicentinho Alves (PRTO).
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domingo, 26 de maio de 2013
Pelo unicameralismo no Brasil
O Globo, 26 de maio de 2013.
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