Senado além da conta
Os senadores brasileiros, no entanto, julgam necessário manter no aeroporto de Brasília nove servidores de prontidão. São os "funcionários do setor de serviços aeroportuários". Ou, em linguagem mais direta, auxiliares de check-in.
A função deles é simples: trata-se de ajudar os senadores a fazer o embarque e despachar as malas. Para isso, esses auxiliares recebem uma remuneração líquida entre R$ 14 mil e R$ 20 mil. Não é demais lembrar que esses recursos saem do bolso do contribuinte.
A lista de mordomias aeroportuárias não se esgota nesse absurdo. Senadores contam com sala especial para aguardar o embarque e têm direito a cinco passagens aéreas mensais de ida e volta para seu Estado. Coroa esses gastos despropositados o serviço de "apoio operacional" no Rio de Janeiro, resquício de quando a cidade era a capital federal.
Vê-se que não vai longe a propalada disposição de Renan Calheiros (PMDB-AL) para reduzir as despesas da Casa. Eleito presidente do Senado sob protesto da opinião pública, ele anunciou cortes anuais de R$ 262 milhões (num orçamento de R$ 3,4 bilhões). Mas a tesoura preservou os congressistas.
Por exemplo: foi extinto o atendimento ambulatorial gratuito para servidores; senadores, porém, mantiveram o reembolso ilimitado de gastos médicos (extensivo a cônjuges e dependentes até 21 anos).
Isso para nada dizer da equipe de 32 pessoas que zelam pelas residências oficiais dos senadores --como se marcenaria e instalações sanitárias, entre outros serviços, fossem um problema de Estado.
Além da remuneração de R$ 26,7 mil, cada senador ainda dispõe de quase R$ 170 mil mensais para contratar até 55 auxiliares de gabinete.
Nessa atmosfera de descaso com a coisa pública, não é à toa que Renan Calheiros se permite pagar R$ 11,3 mil líquidos para ter um mordomo. Alguém precisa assumir a culpa por tamanha prodigalidade.
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