O Estado de S. Paulo, 13 de maio de 2013.
Mais que padrinhos do Orçamento, os guardiões dos votos
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A
mão pesada dos parlamentares no Orçamento é um retrato da forma de se
fazer política no Brasil. E explica, na ponta do lápis, a preocupação do
entorno da presidente Dilma Rousseff com a inapetência política com a
qual ela dirige seu olhar ao Congresso Nacional.
A
presidente ouviu na semana passada de Luiz Inácio Lula da Silva, seu
padrinho político, o conselho de se voltar aos velhos conhecidos
"padrinhos" do Orçamento da, União: os deputados e senadores. Traduzindo
o alerta: Dilma deve liberar dinheiro das emendas e fazer um agrado
político, convidando os parlamentares para viagens e cerimônias nos
respectivos redutos eleitorais.
São
preocupantes as derrotas recentes da presidente no Congresso - Código
Florestal, royalties do petróleo, MP dos Portos, unificação do ICMS. Mas
muito mais preocupante para o comando petista é colocar em risco o
projeto de reeleição da presidente Dilma Rousseff.
Em
2012, 87 dos 513 deputados disputaram eleições municipais (17% da
Câmara), Essa legião passa boa parte do mandato se articulando para
levar alguma obra aos redutos onde consegue voto. Essa seria a razão do
mandato de número significativo dos parlamentares - num sistema político
que não cobra projetos nem coerência ideológica e numa democracia que
ainda parece ser claudicante sobretudo quando se leva em conta o quesito
cidadania.
Se
Dilma deixa os "padrinhos" das obras sem prestígio, corre o risco de
acumular dores de cabeça na hora do voto, já que nenhum desses políticos
mostrará empenho para encher a uma do PT.
Na
mensagem ao Congresso no inicio do ano Dilma reconheceu o papel
"imprescindível" da instituição num momento em que aa atividade política
é tão vilipendiada". O script da política, no entanto, ainda não
permite que se tire o desprezo do vocabulário.
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