O Estado de S. Paulo,
26 de abril de 2013
Crise provoca troca de comando na segurança
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Delegado da Polícia Federal pede para deixar cargo após enfrentar sequência de desgaste políticoAlana Rizzo / Brasília
Em
meio a uma nova crise, a Secretaria Extraordinária de Segurança de Grandes
Eventos (Sesge), subordinada ao Ministério da Justiça, vai trocar pela
segunda vez de comando. O delegado da Polícia Federal, Valdinho Jacinto
Caetano, pediu na última quinta-feira para deixar o cargo após uma sequência
de desgastes na condução da política de segurança pública para os grandes
eventos. Ex-corregedor-geral da PF, Caetano assumiu o cargo em fevereiro de
2012 após a saída de José Ricardo Botelho, também delegado da PF.
O estopim da renúncia foi a ríspida
discussão de Caetano com o chefe do Estado Maior do Conjunto das Forças
Armadas (EMCFA), general José Carlos De Nardi, em reunião com a ministra da
Casa Civil, Gleisi Hoffmann, na última quarta-feira. O motivo seria a
insatisfação da PF com o papel privilegiado dado ao Ministério da Defesa na
segurança de grandes eventos, o que gera atritos desde o início do governo
Dilma.
Caetano teria ficado irritado com a
postura da ministra, supostamente inclinada a defender os pontos de vista do
general, e avisado sobre sua saída. Ela, então, teria se retirado. O
bate-boca, com dedos em riste, teria se prolongado.
O
chefe da Sesge comunicou sua saída ao ministro da Justiça, José Eduardo
Cardozo, na quinta-feira. Ontem, Cardozo reuniu-se no início da noite com a
presidente. Na PF, contudo, o pedido de demissão do secretário é dado como
definitivo. Já há inclusive um nome cotado para substituí-lo: o também
delegado da PF, Andrei Augusto Passos Rodrigues, que hoje ocupa o cargo de
oficial de ligação em Madri e foi chefe da segurança de Dilma quando ela era
candidata. O diretor-geral da PF, Leandro Daiello, deve levar o nome de
Andrei ao ministro Cardozo na próxima semana.
Contudo,
desde o ano passado o Planalto planeja substituir o titular da secretaria por
um representante do Ministério da Defesa. É que a presidente Dilma Rousseff decidiu privilegiar
o papel das Forças Armadas no comando da segurança dos grandes eventos. A
intervenção da presidente na estrutura ocorreu depois que Dilma formou
convicção de que na greve os policiais federais agiram para atemorizar a
sociedade em aeroportos, postos de fronteira e portos. Na época, assessores
diretos da presidente afirmaram que ela considerou absurda a forma como os
policiais federais agiram durante a greve.
Após
o episódio, uma portaria começou a redistribuir as verbas de segurança em
eventos e privilegiou os comandos do Exército, Marinha e Aeronáutica. Com
orçamento previsto de R$ 1,8 bilhão, a secretaria foi criada em agosto de
2011 e é responsável pelas ações de segurança em grandes eventos, como a Copa
das Confederações, Copa de 2014 e a Rio 2016.
Em
março, o delegado Luiz Carlos de Carvalho Cruz, então diretor de Operações da
Sesge, foi exonerado após o Estado revelar que ele teria enviado a dezenas de
autoridades federais um e-mail propondo adesão ao chamado golpe da pirâmide.
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