Mordomia: Garçon do Senado ganha R$ 15 mil
Vinicius Sassine
O Globo - 24/04/2013
Nomeados por atos secretos em 2001, sete garçons recebem remuneração de até R$ 15 mil
O cafezinho dos senadores tem um custo alto, menos pelo produto servido, mais pelos garçons que servem os parlamentares no plenário e na área contígua. O Senado tem uma equipe de garçons com salários até 20 vezes maiores do que o piso da categoria em Brasília. Para servir os senadores, sete garçons recebem remuneração entre R$ 7,3 mil e R$ 14,6 mil - três deles atuam exclusivamente no plenário, e quatro ficam no cafezinho aos fundos, onde circulam parlamentares, assessores e jornalistas. O grupo ocupa cargo comissionado na Secretaria Geral da Mesa com título de assistente parlamentar. Todos nomeados de uma só vez, num dos atos secretos editados em 2001 pelo então diretor-geral do Senado, Agaciel Maia.
Nestes
12 anos, os garçons (ou assistentes parlamentares) foram promovidos a
cargos comissionados superiores ao mencionado no ato secreto: saíram do
AP-5, que tem remuneração básica de R$ 3,3 mil, para o AP-4 e até mesmo o
AP-2, com vencimentos básicos de R$ 6,7 mil e R$ 8,5 mil,
respectivamente. Em março, o maior salário pago foi a José Antonio Paiva
Torres, o Zezinho, que serve exclusivamente os senadores no plenário.
Ele recebeu R$ 5,2 mil somente em horas extras. A remuneração bruta
chegou a R$ 14,6 mil.
Outros
dois garçons também têm a obrigação de cuidar do cafezinho dos
senadores no plenário. Um deles é Jonson Alves Moreira, que virou
notícia na última sexta-feira, quando O GLOBO mostrou Jonson fazendo as
vezes de um dublê de senador, num plenário vazio, a pedido do único
orador que fazia uso da palavra naquele momento, João Costa (PPL-TO).
Enquanto João Costa falava, Jonson concordava com a cabeça. O salário
pago a ele em março foi de R$ 7,3 mil.
Na
copa, ficam os outros quatro garçons. Todos eles são amigos de longa
data. O grupo assumiu os cargos de uma só vez, em 17 e 18 de outubro de
2001, menos de um mês depois da edição do ato secreto por Agaciel Maia,
hoje deputado distrital. Boa parte era vinculada a empresas
terceirizadas. A nomeação a um cargo comissionado ocorreu num momento de
vazio da gestão do Senado. O ato secreto é de 20 de setembro de 2001,
dois dias depois da renúncia do senador Jader Barbalho (PMDB-PA) ao
mandato e à presidência do Senado, e no dia em que Ramez Tebet assumiu o
comando da Casa.
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Aqui todo mundo se conhece há um tempo, a gente viu muitos senadores
passarem por aqui. O serviço é bem tranquilo - diz um dos garçons do
Senado.
Os
assistentes parlamentares estão vinculados à Secretaria Geral da Mesa. A
secretaria, aliás, tem um garçom do grupo - que diz apenas distribuir
papéis atualmente - à sua disposição. Em resposta ao GLOBO, a assessoria
de imprensa do Senado afirma que os servidores realizam atividades de
apoio previstas no Regulamento Administrativo da Casa.
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