O Estado de S. Paulo,
15 de abril de 2013.
Gastos militares no Brasil
aumentaram em 56% em dez anos
Desembolso mundial sobre queda, mas emergentes
começam a substituir ricos em gastos militares
14 de
abril de 2013 | 21h 27
GENEBRA -
Pela primeira em 15 anos, os gastos militares no mundo sofrem uma contração,
puxados pela crise na Europa e Estados Unidos. Mas governos latinoamericanos,
China e Rússia continuam a expandir seus investimentos em armamentos, no que
seria para os especialistas o início de uma transição em termos de gastos
militares dos países ricos aos emergentes.
O Brasil
registrou uma leve queda em 2012, de 0,5%. Mas o País tem o 11º maior orçamento militar do mundo e,
em dez anos, o aumento de gastos militares no Brasil foi de 56%, bem acima da
média mundial. Na América Latina, a Venezuela dobrou seus gastos militares em
dez anos e, apenas em 2012, o aumento foi de 42%. O Paraguai teve a maior
expansão, com 43% em um ano.
Os dados
globais registraram uma contração de 0,5%, com um total de US$ 1,75 trilhão e a
primeira queda desde 1998. As informações foram publicadas pelo Instituto de
Pesquisas da Paz de Estocolmo, que insiste que, ainda assim o volume é superior
ao pico de gastos durante a Guerra Fria.
Mas o que
mais chama a atenção é a disparidade entre países ricos e emergentes. Em crise
e cortando gastos militares, Estados Unidos e Europa ainda registraram uma
redução em seus efetivos no Iraque e Afeganistão. Os americanos ainda lideram o
ranking e tem gastos 5 vezes o da China, cerca de US$ 682 bilhões. Mas, em
2012, a contração no Pentágono foi de 6%. Pela primeira vez desde o colapso da
URSS há mais de 20 anos, os americanos tiveram uma participação inferior a 40%
nos gastos militares mundiais.
Na
Europa, membros da OTAN reduziram em 10% os gastos militares por conta da
crise, o que leva os pesquisadores e acreditar que haverá uma contração nos
investimentos totais mundiais ainda nos próximos 3 anos.
Mas os
países emergentes vivem uma situação bem diferente. Na China, quinto maior
exportador de armas e segunda maior em termos de gastos militares, o aumento de
seus investimentos foi em 7,8% em 2012 e um total de US$ 166 bilhões. Em dez
anos, a expansão foi de 175%, ainda que Pequim insista que não existe motivo
para o mundo temer suas ambições militares. Na Ásia, Vietnã, Filipinas e outros
governos ampliaram de forma substancial seus gastos militares.
A
terceira posição mundial é da Rússia, com um aumento de 16% em apenas um ano e
US$ 90 bilhões em gastos. Isso tudo no ano do retorno de Vladimir Putin à
presidência.
Na
América Latina, o aumento de gastos foi de 4,2%, apesar de uma redução dos
investimentos no Brasil de US$ 36 bilhões em 2011 para US$ 33,1 bilhões no ano
passado. O Brasil representa metade dos gastos da região e destina 1,5% do PIB
às Forças Armadas, bem acima de países como Alemanha.
Entre
2003 e 2012, o aumento de gastos nacionais foi de 56%, bem superior ao aumento
média de 35% no mundo. Mas os especialistas apontam que a expansão nacional
sofreu uma desaceleração desde 2009.
No
restante da região, os gastos aumentaram na Argentina, Chile, Colômbia e Peru.
Na Venezuela, a expansão foi de 42% e, em dez anos, o governo de Caracas dobrou
o orçamento aos militares, atingindo US$ 4 bilhões em 2012. O México também
incrementou gastos em 9%, diante da guerra contra o narcotráfico.
"O
que estamos vendo é o que pode ser o começo de uma transição no equilíbrio dos
gastos militares mundiais dos países ricos do Ocidente para regiões
emergentes", indicou Sam Perlo-Freeman, um dos autores do informe. Dos 11
maiores orçamentos mundiais, quatro são dos países que formam o grupo dos
Brics.
No
Oriente Médio, os gastos em 2012 aumentaram em 8% diante da revoluções e da
guerra na Síria. Arábia Saudita e Omã registraram os maiores aumentos.
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