Milícia domina área que terá missa do papa
Cerca de 2.600 militares vão ocupar Guaratiba, no Rio, 15 dias antes da Jornada Mundial da Juventude, em julho
Outros 3.400 homens poderão ser usados caso o comando da operação decida ampliar o efetivo durante o evento
MARCO ANTÔNIO MARTINS
DO RIO
Às sextas-feiras à noite, duas motos sem placa percorrem as ruas de
Guaratiba, zona oeste do Rio, exigindo dinheiro de comerciantes.Outros 3.400 homens poderão ser usados caso o comando da operação decida ampliar o efetivo durante o evento
Em ao menos cinco pontos do bairro de cerca de 110 mil habitantes, bailes funk regados a drogas são realizados nos fins de semana. Caça-níqueis ficam em depósitos ou falsos banheiros de bares.
Os moradores evitam fazer comentários sobre a situação, e os comerciantes têm medo.
É nessa região que a Arquidiocese do Rio calcula receber, em 28 de julho, mais de 2 milhões de pessoas, onde o papa Francisco vai celebrar sua primeira missa no Brasil, ponto alto da Jornada Mundial da Juventude. O papa também participará de evento na praia de Copacabana.
Guaratiba é dominada pela maior milícia do Rio. São os milicianos que determinam, por exemplo, o horário do comércio local. Antes conhecida como Liga da Justiça, agora é chamada de "milícia do Toni", referência ao atual chefe: o ex-policial militar Toni Souza de Aguiar, 38.
Contra ele há 11 mandados de prisão expedidos, com acusações de homicídios e de formação de quadrilha.
Para garantir a segurança dos peregrinos, uma grande operação está sendo montada para controlar a região. Cerca de 2.600 militares do Exército vão ocupar Guaratiba 15 dias antes da jornada.
Desde o ano passado, o serviço de inteligência do Exército faz uma análise de risco sobre possíveis ameaças que possam prejudicar o evento.
O modelo a ser seguido será nos mesmos moldes do que a Força fez no Complexo do Alemão, a partir de 2010.
Outros 3.400 militares poderão ser usados caso queira o general José Alberto da Costa Abreu, coordenador de segurança pela Força.
"É importante para evitar ações desse grupo com os jovens. Eles têm a falsa aparência de tranquilidade, mas vivem de ameaçar pessoas", diz o promotor do Ministério Público Militar Jorge Melgaço.
"Eles [a milícia] não têm a prática do confronto. São discretos. Por isso, é importante toda a atenção", afirma o delegado federal Victor Cesar Santos, coordenador no Rio da Secretaria Nacional de Grandes Eventos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário