terça-feira, 30 de abril de 2013

Crime organizado endógeno e exógeno



O áudio pode ser ouvido pelo link abaixo.

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Policiais são presos por cobrar propina de feirantes
01 Mai 2013

Quadrilha de Bangu e Honório Gurgel tinha 56 agentes públicos

Fernando Quevedo


A Secretaria de Segurança Pública e a Corregedoria da Polícia Militar prenderam ontem 72 pessoas acusadas de cobrar propina de comerciantes, camelôs e mototaxistas em Bangu e Honório Gurgel. Entre os presos da Operação Compadre estão 50 policiais militares, seis policiais civis, o administrador da 34ª DP (Bangu) e 14 cúmplices. A quadrilha vinha sendo investigada desde abril do ano passado. Sete pessoas seguem foragidas da Justiça. Os policiais presos tiveram as carteiras, distintivos e armas apreendidas.
O secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, disse que os policiais envolvidos nas irregularidades deverão ser expulsos das suas corporações:
- Não vejo outra resposta a não ser a demissão de todas essas pessoas. As acusações são graves e a composição da prova é de qualidade.
Durante as investigações foi constatado o envolvimento de policiais na cobrança de propina de comerciantes que trabalhavam em três feiras dos dois bairros, além dos pontos de mototáxis da região sob responsabilidade do 14º BPM (Bangu). Os mandados de prisão expedidos contra policiais civis foram cumpridos por agentes da Corregedoria da Polícia Civil (Coinpol).
- É um trabalho de contrainteligência, no qual se investiga policiais. Por isso se torna um trabalho mais difícil, considerando que muitas vezes os métodos são conhecidos pelos próprios policiais - disse Beltrame. - A corrupção policial é um problema sério e crucial que temos no Brasil. Agentes públicos que têm que defender a população se locupletam da condição de servidores públicos para auferir ganhos indevidos.
As investigações começaram após denúncia de cobrança de quantias em dinheiro de comerciantes e camelôs nas feiras. Feirantes e comerciantes eram obrigados a pagar à quadrilha para não serem incomodados. Os comerciantes que trabalhavam com mercadorias pirateadas (DVDs, aparelhos eletrônicos, telefones celulares, roupas e relógios usados) eram coagidos a pagar R$ 70, divididos em duas parcelas de R$ 35 cobradas todas as quartas e quintas-feiras. Já dos vendedores de mercadorias lícitas era cobrada a quantia de R$ 5, sempre às sextas e sábados.

PROPINA NO CARRO

Em flagrantes feitos pelas equipes de Inteligência da Secretaria de Segurança foi detectado ainda que um homem, que se passava por policial civil, e policiais militares repartiam o dinheiro recolhido com duas viaturas. O esquema de corrupção envolvia policiais do 14º BPM (Bangu), 9º BPM (Rocha Miranda) da 34ª DP (Bangu) e da Delegacia de Repressão aos Crimes contra a Propriedade Imaterial (DRCPIM). Com o passar do tempo, os policiais foram transferidos de unidade. Atualmente, os PMs envolvidos na quadrilha pertencem ao 20º BPM (Mesquita) , 6º BPM (Tijuca), 4º BPM (São Cristóvão), 41º BPM (Irajá), 15º BPM (Caxias), do Centro de Formação de Praças (Cefap), além do 14º e do 9º BPM. Os denunciados são acusados dos crimes de formação de quadrilha, concussão (extorsão praticada por funcionário público) e roubo.
Durante a apuração da denúncia, mototaxistas revelaram não possuir carteira nacional de habilitação e não trafegar de acordo com as leis de trânsito. Muitos faziam ainda o transporte de drogas para usuários. Com a propina paga aos policiais, as irregularidades não eram coibidas. Desde 2008, ações investigativas das corregedorias das polícias Civil e Militar já resultaram na exclusão de 1.400 policiais civis e militares envolvidos em crimes.
- Todas as instituições que cresceram e modificaram foram por meio de exclusões e punições. Nós estamos fazendo esse papel. Mostramos à sociedade que ela pode confiar no nosso trabalho. Várias denúncias estão sendo apuradas. Isso é o mais gratificante. A sociedade acredita que hoje a PM está fazendo o trabalho correcional forte para limpar a instituição - disse o coronel Erir Costa Filho, comandante-geral da PM.
Em julho do ano passado, três sargentos e um cabo do 14º BPM tiveram as prisões decretadas pelo juiz Jorge Luiz Le Cocq, da 2ª Vara Criminal. Ricardo Caminha Freire, Diomedio Rocha Bezerra, Anderson Fernandes Fonseca e Wellington Oliveira de Souza são acusados de homicídio qualificado e ocultação de cadáver. Em dezembro de 2006, 75 policiais militares foram presos na Operação Tingui. Os policiais formavam grupos distintos e praticavam extorsão, sequestro e repasse de armas e drogas.

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