Delegados criticam operação anticorrupção
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Delegados
da Polícia Federal reagiram à ofensiva feita pelo Ministério Público
para manter seu poder de investigação. Duas entidades de classe da PF
criticaram o mutirão contra a corrupção deflagrado pelos promotores e
procuradores na última terça-feira, quando 92 pessoas foram presas sob
acusação de desviar mais de R$ 1 bilhão de cofres públicos. Os delegados
chamaram a operação de "cena teatral" e afirmaram que sua execução foi
"inadequada". Sustentam que o MP não tem meios para realizar
investigações e defendem a aprovação da Proposta de Emenda à
Constituição 37, que retira dos promotores e procuradores o poder de
apuração.
No
dia do mutirão do Ministério Público, o procurador-geral da República,
Roberto Gurgel, classificou a ação como uma resposta à tentativa de
aprovação da proposta e que a instituição tem participação efetiva no
combate à corrupção.
O
presidente do Sindicato dos Delegados de Polícia Federal em São Paulo,
Amaury Portugal, avalia que a promotoria realizou a operação como uma
"manifesta jogada de marketing" para tentar barrar o projeto. "O
Ministério Público, tendo o dever constitucional de titular da ação
penal, esquece-se que deve respeitar o titular da investigação que é a
autoridade policial", anota Amaury Portugal.
O
líder sindical dos delegados da PF em São Paulo sustenta que, ao
realizar investigações, os promotores e procuradores provocam um
"desequilíbrio" na aplicação da lei, pois o MP atua como parte nos
processos.
"Esquece-se
que, na relação processual penal, ele, Ministério Público, é parte e
sua atuação, usurpando os poderes da Polícia, causa um desequilíbrio na
aplicação da lei penal em desfavor do investigado ou réu", afirma.
Portugal acrescenta que a promotoria e a procuradoria formam um ponto "antidemocrático" no processo.
"Na
realidade, o MP não tem nem mesmo meios técnicos e materiais para
conduzir uma investigação, ou operação de combate ao crime organizado.
São apartados das mais comezinhas regras técnicas de investigação e
acabam remetendo à polícia os complementos finais dessa atividade, sem o
que não teriam prova material para a denúncia e a ação penal", alega.
Demagogia.
A Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF) afirmou
que o mutirão do Ministério Público foi "demagógico e político".
"Combinar a deflagração nacional, no mesmo dia, de ações envolvendo os
mais diversos crimes, locais e alvos, inclusive com a execução
antecipada e inadequada de medidas, mostra uma preocupação
exclusivamente midiáticae não com a investigação criminal", escreveu a
entidade.
Para
a ADPF, os promotores agiram "com o objetivo claro de figurar como
protagonista numa ação política institucional, em detrimento do trabalho
colaborativo desenvolvido com as demais instituições e órgãos
públicos". / Fausto Macedo e Bruno Boghossian.
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sexta-feira, 12 de abril de 2013
Delegados criticam operação anticorrupção
O Estado de S. Paulo, 12 de abril de 2013.
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