Candidatos à presidência do partido suspeitam
de compra de voto; Rui Falcão, que tenta reeleição, não se pronuncia | -SÃO PAULO e PORTO alegre- Candidatos à presidência nacional do PT em
oposição ao atual presidente Rui Falcão, que disputa a reeleição,
lançaram ontem mais suspeitas sobre o processo de eleição direta (PED),
marcado para 10 de novembro, quando será escolhida a nova direção
partidária. Tres dos seis candidatos estranharam que o número de
petistas aptos a votar tenha subido 322% em apenas sete dias, e dobrado
nos últimos três dias que antecederam a 30 de agosto, prazo final para
que o militante estivessem em dia com as anuidades, uma das condições
para que possa ser eleitor no PED. A denúncia de compra de votos foi
feita pelo deputado Henrique Fontana (RS), ontem, na coluna "Panorama
Político" de Ilimar Franco.
Valter Pomar, um dos candidatos à presidência, da corrente Articulacão
de Esouerda. disse ter recebido denúncias de que até morto pagou
amen-sahdade em Minas Gerais, mas não apresentou provas Em cidades do
Espírito Santo, disse, há indícios de que alguém da direção da chapa
favorita a reeleição, de Falcão, teria pago as mensalidades dos
militantes de Cariacica e Colatina. Ele pediu uma investigação da
direção do partido sobre o salto no número de petistas que regularizaram
anuidades as vésperas do prazo final. A direção do PT, no entanto,
negou a compra de votos e disse que esse aumento se deve à mobilização
interna para participação no processo eleitoral.
— Nas cidades de Cariacica e Colatina, no Espirito Santo, a média era
de dez eleitores fazendo pagamentos das anuidades, mas, nos últimos
três dias, subiu para 2 mil por dia, o que nos faz crer que aiguem pagou
por militantès que estavam em débito com os pagamentos. Em Minas (em
cidade que ele não divulgou o nome), houve até três mortos que pagaram
as mensalidades. Por isso, pedimos investigação à direção do partido. Dá
para saber se os pagamentos foram feitos num único caixa, no mesmo dia e
horário — disse Pomar.
MODELO DO PED É CRITICADO
Falcão* favorito na disputa e que hoje detém 60% do diretório nacional,
disse, por meio de sua assessoria, que não comentaria o assunto. Ele
atribuiu o aumento dos pagamentos nos três dias da data limite como
resultado da grande mobilização do partido nos estados para ter o maior
numero de militantes em condições de votar no PED em novembro.
No entanto, outro candidato a presidente, Markus Sokol, da corrente O
Trabalho, de esquerda, disse que o aumento do número de filiados que
pagaram as anuidades já ocorrera em eleições anteriores.
— Em todo PED acontece a mesma coisa (pagamentos em massa às vésperas
do prazo final) e nada acontece. É por isso que defendemos o fim do PED
e que se estabeleça outra forma de eleger os dirigentes, com debates
nos encontros do partido, com o militante votando nas chapas com o
levantar das mãos, como acontece em qualquer entidade sindical. Acho que
devemos voltar a escolher nossos dirigentes em movimentos de base —
disse Sokol.
Serge Goulart, que também disputa a presidência do PT na chapa "Virar à
esquerda, reator com o socialismo" também defendeu a extinção do PED e
estranhou o grande aumento de filiados em dia com suas contribuições. Já
Renato Simões, atual secretário Nacional dos Movimentos Populares e que
também é candidato a presidente do partido, preferiu cautela a qualquer
prejulgamento. Também candidato, o deputado Paulo Teixeira, apoiado por
Henrique Fontana, disse que seu colega "apenas demonstrou preocupação
com a compra de votos"
O modelo do PED também foi criticado pelo presidente do PT de Porto
Alegre, Raul Pont Segundo ele, nas últimas horas antes do prazo final de
regularização de filiados, houve "uma avalanche sem controle" de
inscrições, que deixou o colégio eleitoral da eleição interna de
novembro "completamente fora de qualquer padrão":
— Não vou acusar ninguém, não temos provas de nada, mas tudo indica
que houve essa explosão sim, basicamente porque se espalhou um clima de
pânico de que o PED seria um fracasso. |
Nenhum comentário:
Postar um comentário