Desculpa do Solidariedade é desmontada
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27 Out 2013
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Novo levantamento realizado pelo Correio expõe um festival de
falsificações de fichas de apoio necessárias para a criação do
Solidariedade e evidencia que o golpe se espalhou por vários cartórios
eleitorais do Distrito Federal. O partido alega que foi vítima de
sabotagem. A tese propagada pelas lideranças é de que infiltrados tinham
entregue os documentos falsos para prejudicar a criação da legenda. No
entanto, documento obtido pelo Correio desmonta a justificativa da
legenda ao apontar que vários lotes de fichas com assinaturas falsas,
incluindo os nomes de dois mortos, foram entregues à Justiça Eleitoral
pelo motorista Luiz Carlos Moura, lotado no gabinete do presidente do
Solidariedade, o deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força.
Moura confirmou que entregou as fichas no cartório da Asa Norte e no de
Águas Claras.
Nos novos lotes
analisados, o ouvidor-geral do TCU, Eduardo Dualibe Murici; o presidente
nacional do Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU), Haroldo Pinheiro
Villar; e até o dono de um cartório em Florianópolis foram vítimas da
fraude ignorada pela Justiça Eleitoral. Há situações em que a mesma
pessoa assinou mais de uma ficha de apoio. Em todos os casos, novamente,
os "apoiadores" alegam que nunca assinaram absolutamente nenhum
documento de apoio à nova legenda. Além disso, são ou foram filiados ao
Sindicato dos Servidores do Poder Legislativo e do Tribunal de Contas da
União (TCU).
Diante de novas
evidências de fraude na criação do Solidariedade, a Polícia Federal
prorrogará a investigação iniciada no mês passado em Brasília. O
ouvidor-geral do TCU afirmou que alguns colegas tinham o alertado que
seu nome constava na lista de apoiadores. "Jamais apoiaria. Nunca
assinei nada. Isso pode me causar problemas", relatou Eduardo Dualibe. O
presidente da Associação dos Tabeliães de Florianópolis e dono de um
cartório, Naurican Ludovico Lacerda, ficou surpreso quando foi informado
de que o nome dele constava como apoiador do novo partido. Ele foi
servidor do Senado até fevereiro de 2010. O Protocolo nº 14.039 mostra
que o Solidariedade entregou a assinatura falsa no cartório da Asa
Norte.
O presidente do Conselho de
Arquitetura e Urbanismo, Haroldo Pinheiro Villar, foi servidor efetivo
da Câmara até 1995 e, por isso, filiado ao Sindilegis. A assinatura dele
consta no lote do Protocolo nº 23.256 também no cartório eleitoral da
Asa Norte. Mesmo sem ter assinado absolutamente nada, a Justiça
Eleitoral aceitou a ficha de apoio.
O caso do secretário parlamentar Evandro Viana Gomes, lotado no
gabinete da deputada federal Lauriete (PSC-ES), chama a atenção. O
partido tentou emplacar duas fichas de apoio no nome dele. O cartório
reconheceu como verdadeira a primeira falsificação e na segunda,
diferente, apenas assinalou a duplicidade do apoio prestado. Em um outro
caso, os fraudadores erraram o nome do servidor do TCU Edmilson Joaquim
de Oliveira. Na ficha aceita, grafaram Edilson Joaquim de Oliveira.
Na sexta-feira, o deputado Paulinho da Força, antes de ser informado
sobre o documento em que o motorista dele protocola as assinaturas nos
cartórios, voltou a falar em sabotagem. "A gente mesmo já pediu que a
Polícia Federal investigue o caso denunciado. Só aparece gente famosa
com a assinatura falsificada. Isso é sabotagem. É muito estranho",
disse. Ao ser informado que os lotes foram entregues pelo seu motorista,
o parlamentar respondeu apenas que "é possível. As assinaturas são
colhidas na rua".
Outro lado
O Sindilegis também nega que tenha participado de qualquer tipo de
fraude. A entidade se diz interessada na apuração desenvolvida pela
Polícia Federal para provar que não repassou os dados de filiados ao
Solidariedade. O Sindilegis afirma que não dispõe de todas as
informações requisitadas pela Justiça Eleitoral.
No cartório da Asa Norte, dos 589 eleitores que "assinaram" a ficha de
apoio, 555 já foram ou são vinculados ao Sindilegis. Em Águas Claras,
até o momento, 190 dos 261 identificados têm vínculos com a entidade
sindical.
Uma ala do PDT,
ex-partido de Paulinho da Força, acusa o presidente do Sindilegis,
Nilton Paixão, de ter vazado dados. Paixão tem laços estreitos com o
Solidariedade. Em vídeo gravado durante evento do PSB em Brasília, a
mestre de cerimônia do encontro chama o sindicalista para compor a mesa e
o classifica como "representante do Solidariedade". A relação de
proximidade entre Nilton Paixão e Paulinho da Força é conhecida nos
sindicatos do país. Em 22 de abril deste ano, Paixão foi eleito
secretário-geral da Força Sindical no Distrito Federal, conforme
comprova o site da entidade. No início de 2011, o Sindilegis chegou a se
filiar à Força Sindical. Logo em seguida, após pressão de alguns
integrantes que não teriam sido avisados, o ato foi desfeito. Amanhã,
Paulinho se afasta da Força Sindical para se dedicar exclusivamente ao
Solidariedade. Ele afirmou que era muito difícil conciliar as duas
agendas.
"Jamais apoiaria. Nunca assinei nada. Isso pode me causar problemas"
Eduardo Dualibe Murici, ouvidor-geral do TCU, uma das vítimas da fraude nas assinaturas de apoio ao Solidariedade |
domingo, 27 de outubro de 2013
Houve fraude?
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