sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Exército em ação de segurança pública

EXÉRCITO VAI REPRIMIR PROTESTOS CONTRA LEILÃO DO PRÉ-SAL

EXÉRCITO GARANTIRÁ LEILÃO DE LIBRA
Correio Braziliense - 18/10/2013
 
Petroleiros entram em greve contra a privatização do pré-sal. Governo garante que a operação está mantida
SÍLVIO RIBAS
» ROSANA HESSEL
Empregados da Petrobras iniciaram na madrugada de ontem uma greve geral que prejudicou a atividade em plataformas, refinarias, terminais portuários e sedes administrativas da estatal em todo o país. A paralisação por tempo indeterminado, liderada pela Frente Única dos Petroleiros (FUP), exige o cancelamento do leilão do campo de Libra, na Bacia de Santos (RJ), marcado para a próxima segunda-feira. A primeira licitação do pré-sal dentro das novas regras de partilha testa a capacidade do governo de atrair recursos para investimentos diretos, com impactos positivos nas contas públicas. O Exército foi convocado para garantir a segurança da operação.

A FUP e os sindicatos associados reivindicam ainda reajuste salarial de 12,5%, com ganho real de 5%, além da retirada de tramitação, no Congresso Nacional, do Projeto de Lei 4.330, que regulamenta a terceirização de mão de obra. A Petrobras propôs um aumento de 7,68%, com 1,5% além da inflação, rejeitado em assembleia de trabalhadores. Caso não apresente novo índice, os líderes sindicais ameaçam convocar outra greve no fim do mês.

Investimento
O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, afirmou ontem que o leilão está mantido apesar das manifestações dos petroleiros. “O leilão de Libra está posto e será realizado”, afirmou durante cerimônia de balanço do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). “O petróleo descoberto no pré-sal é uma riqueza da população brasileira e de nada servirá ficar em estado letárgico no fundo do mar”, completou. No mesmo evento, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, destacou que o investimento estimado pelo governo em Libra é US$ 181 bilhões, em 35 anos, sendo US$ 80 bilhões a partir de 2014.

A ministra do Planejamento, Miriam Belchior, destacou que todos têm o direito de se manifestar, “seja petroleiros, seja outros segmentos sociais”. “Temos a convicção de que o Brasil vai garantir esses recursos para si e para os brasileiros e brasileiras”, afirmou ela. A diretora-geral da Agência Nacional do Petróleo (ANP), Magda Chambriard, também descartou qualquer risco de adiamento do certame, com 11 participantes, acrescentando que haverá forte esquema de segurança. Uma equipe de advogados da agência está de prontidão para assegurar a rodada. “Estamos preparados”, alertou. O primeiro leilão do pré-sal será realizado em um hotel no Rio.

 “O primeiro dia de greve atingiu seus objetivos, com a forte participação de petroleiros em todos os estados. Resta agora aguardar um retorno do governo e da Petrobras”, disse João Antônio Moraes, coordenador-geral da FUP. Segundo a entidade filiada à Central Única dos Trabalhadores (CUT), foram paralisadas por completo 15 das 39 plataformas na Bacia de Campos (RJ). Esses locais respondem por 80% da produção de petróleo e gás da estatal. 

A greve também contou com manifestações públicas em diferentes cidades, apoiada por entidades sociais, como o Movimento dos Sem-Terra, que ontem ocupou a sede do Ministério das Minas e Energia em apoio aos petroleiros.

 No fim da tarde, os petroleiros fizeram uma passeata pelo centro do Rio. A FUP afirma que mais nove refinarias tiveram atividades abaladas, além de uma fábrica de fertilizantes, usinas termelétricas e poços de exploração em terra. Em nota, a Petrobras informou ter tomado providências para garantir o abastecimento do mercado, sem “qualquer prejuízo às atividades da empresa”, acrescentando que não emitiria opinião sobre os motivos da greve. A estatal afirmou “estar aberta” à negociação.

A promessa dos sindicalistas de endurecer a resistência ao leilão do pré-sal e defender a exclusividade da presença da Petrobras em Libra pode confirmar a maior greve do setor desde 1995, quando o presidente Fernando Henrique Cardoso levou o caso ao Tribunal Superior do Trabalho (TST). 

Como resultado de 32 dias parados, a partir de 3 de maio daquele ano, os sindicatos e a FUP tiveram as contas bancárias bloqueadas, o repasse das mensalidades dos associados retido e os bens penhorados. Cada um dos 20 sindicatos que participaram da greve recebeu multas de R$ 2,1 milhões. Ao todo, 73 funcionários foram demitidos, entre os quais líderes sindicais.

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