Folha de S. Paulo 21 maio de 2011.
Posições perdidas
Brasil tem queda em ranking de ambiente para negócios; ineficiência governamental faz o país retroceder à 44ª colocação ocupada em 2006 O ambiente para negócios no Brasil, sempre um dos pontos fracos do país, deteriorou-se. É o que indica ranking global de competitividade divulgado nesta semana.
Após três anos em que galgava lentamente posições, o Brasil caiu da 38ª para a 44ª colocação. O estudo abrangeu 59 países.
Rankings, pelo simples fato de buscar comparar elementos nem sempre comparáveis, não devem ser recebidos como atestados definitivos. No entanto parece inegável que os problemas apontados pelo trabalho são muito reais.
A pesquisa, produzida pelo Instituto Internacional para o Desenvolvimento da Administração, da Suíça, em parceria no Brasil com a Fundação Dom Cabral, analisa 20 itens. Foram reunidos em quatro grupos -desempenho econômico, eficiência do governo, eficiência dos negócios e infraestrutura.
Chama a atenção, sob o aspecto negativo, que o Brasil seja o país que registra, entre todos os analisados, a maior diferença entre a eficiência dos negócios (29ª posição) e a do governo (55ª).
Um fator alarmante reside no fato de que, a despeito do desempenho econômico positivo do país nos últimos anos, problemas estruturais que travam o ambiente de negócios não foram atacados.
Desafios históricos, como o emaranhado tributário e a infraestrutura deficiente, continuam a emperrar empreendimentos e tornar um pesadelo os planos de quem almeja investir no país. Soma-se a isso o câmbio sobrevalorizado, que torna mais vantajoso importar do que produzir.
O crescimento recente acabou, ironicamente, por erguer novas barreiras. O mercado de trabalho aquecido leva a salários que não condizem com a produtividade da mão de obra, no contexto do mercado internacional. A maioria dos trabalhadores brasileiros tem formação ainda distante da ideal.
A receita para fugir da armadilha da falta de competitividade é conhecida, mas nunca levada a cabo: simplificar a legislação tributária, desburocratizar as regras para negócios, melhorar a infraestrutura e investir em educação.
O primeiro passo é abandonar a ilusão de que tudo vai bem e reconhecer que resta muito por fazer.
Nenhum comentário:
Postar um comentário