A violência do medo
Não é por acaso que despencou a aprovação do governador Geraldo Alckmin (PSDB). Em setembro, sua gestão era considerada ótima ou boa por 40% dos paulistanos. Agora, o índice é de 29%. Os que consideram a administração do tucano péssima ou ruim passaram de 17%, há dois meses, para 25%.
Na área da segurança, a atuação de Alckmin é pior: 63% a avaliam como péssima ou ruim, contra 12% que a julgam ótima ou boa.
A escalada de violência começou em junho e se intensificou a partir de outubro. Nos últimos 30 dias, foram mortas mais de 300 pessoas. Até setembro, a média diária era de seis homicídios. Tais estatísticas sinistras, por si sós, já são inquietantes. Aliadas a suas consequências sobre a opinião pública, mostram que algo vai mal no combate à criminalidade em São Paulo.
Chama a atenção, por exemplo, que 71% dos entrevistados acreditem que o governo esteja escondendo informações sobre as mortes ocorridas nos últimos meses. E, de fato, a transparência não tem sido a regra nesses episódios.
Além disso, para muitos paulistanos, a polícia não é garantia de segurança: 53% dos entrevistados sentem, em relação à Polícia Militar, mais medo do que confiança (46% no caso da Polícia Civil).
Quase nove em cada grupo de dez paulistanos também pensam que as duas polícias têm responsabilidade pela onda de violência. Para alguns deles, paradoxalmente, mesmo a violência ilegal parece justificável: 43% acham que, se um policial participasse de um grupo de extermínio e matasse um criminoso, ele não deveria ser punido.
Nesse cenário de violência e desinformação, não surpreende que 61% se sintam muito inseguros em caminhadas noturnas no seu bairro. Em agosto, esse índice era de 26%. O medo é tão disseminado que 92% temem ser atingidos -pessoalmente, ou alguém da família- pela atual onda de mortes.
Não será apenas com uma troca de secretário que o governador conseguirá tranquilizar a população. Fernando Grella Vieira, o novo responsável pela Segurança Pública, precisa recuperar a confiança do paulistano nas instituições do Estado de Direito.
A tarefa é complexa, mas inadiável, e será mais facilmente levada adiante se o secretário eleger a transparência como aliada.
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