Facção paulista oferece 'auxílio bélico' e empréstimos de até R$ 5 mil para ex-detentos
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26 Nov 2012
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Polícia Civil apreendeu documento que detalha como organização criminosa ajuda integrantes do grupoThiago HerdySérgio RoxoSÃO PAULO
Os
detalhes da criação de um "banco de apoio dos irmão (sic)", com direito
a "auxílio bélico" e ajuda financeira para "necessidades emergenciais" a
ex-detentos da maior facção criminosa brasileira, nascida nos presídios
paulistas, constam de arquivos da organização apreendidos pela Polícia
Civil durante a crise de segurança em São Paulo. Em sete páginas, o
comando descreve o papel do banco e como integrantes do grupo que
estivessem nas ruas até seis meses depois de sair de prisão poderiam
obter armas e um crédito de até R$ 5 mil.
Para
a polícia, o documento é uma das evidências da complexidade e do grau
de organização da facção que já se expandiu para 21 estados, além do
Distrito Federal, conforme relatório reservado da Secretaria Nacional de
Segurança Pública (Senasp), vinculada ao Ministério da Justiça,
revelado ontem por O GLOBO.
Os
documentos trazem detalhes da contabilidade de setores do grupo que
estão fora dos presídios. Há registro em planilhas de despesas como
chips de telefonia móvel, aluguel de ônibus e vans para a vista de
parentes de detentos às unidades prisionais, gasolina, venda de cocaína,
maconha, crack e até equipamentos como computadores e celulares.
"O
crime fortalece o crime, é dando que se recebe", diz o documento que
detalha o funcionamento do "banco de apoio", citando como objetivo da
iniciativa "fortalecer aqueles irmãos que estão totalmente descabelados
saindo da prisão".
Para
obter auxílio financeiro ou armas, o integrante deve buscar a "Sintonia
da Rua" de sua região. Sintonia é como a facção se refere aos setores
de divisão de atribuições da organização. Em São Paulo, há uma para cada
uma das cinco regiões (Leste, Oeste, Sul, Norte e Centro), além do ABC,
Baixada e interior. Cada regional de fora de do estado conta com um
responsável pelas atividades na rua.
Na
proposta da organização, para emprestar uma "ferramenta" (arma) é
analisado até o objetivo declarado. Quem pega até R$ 5 mil emprestados
tem 90 dias para pagar, sem precisar pagar juros. O prazo para devolução
da arma é de 30 dias. Empréstimos de valores maiores são negociados
caso a caso, por isso não constam da proposta do "banco". Pelo menos R$
500 mil foram provisionados pela facção para colocar a iniciativa em
prática.
A
facção alerta não admitir a prorrogação da devolução das armas. A
proposta explica que o "auxílio bélico" inclui "todo tipo de material:
fuzil, metralhadora, pistolas, granadas e revólver". É necessário
devolver os itens em boas condições. "No caso de infelicidade de perca
(sic), a compreensão vai até o limite da responsabilidade do irmão
beneficiado". Isso significa que a "Sintonia" avaliará se a arma foi
usada na situação informada e se a perda ocorreu durante a ação. Nesses
casos, o prazo para reposição é de um ano. Mesmo tempo para o caso de
ser preso e estar devendo dinheiro à facção. "O único retorno que a
família irá exigir será um maior comprometimento dentro das
responsabilidades já existentes na organização", explica a proposta.
Segundo
o relatório da Senasp, a facção movimenta pelo menos R$ 72 milhões
anuais com o comércio de drogas e mensalidades pagas por 13 mil
integrantes, dos quais 6 mil estão presos em São Paulo, 2 mil nas ruas e
5 mil em outros estados.
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segunda-feira, 26 de novembro de 2012
'auxílio bélico' do PCC
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