Folha de S. Paulo, 10
de novembro de 2012.
5 morrem em Santo André; ônibus
param na zona sul
Onda de violência se agrava e
média de mortes na Grande SP aumenta
15 pessoas morreram menos de 24
horas depois de o governador anunciar tendência de pacificação
MARTHA
ALVES AFONSO BENITES DE SÃO PAULO DEH OLIVEIRA COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Menos de
24 horas após o governador Geraldo Alckmin (PSDB) afirmar que a série de crimes
registrada na Grande São Paulo estava diminuindo, 15 pessoas foram assassinadas
e outras 12 baleadas entre a noite de anteontem e a manhã de ontem.
Nos
últimos 15 dias, 142 pessoas morreram. A média diária de assassinatos (quase
dez) supera a verificada tanto neste ano quanto em 2011 -seis.
Dentre os
crimes, uma chacina em Santo André (ABC) deixou cinco mortos. Nos outros casos,
as vítimas foram mortas em circunstâncias ainda não esclarecidas.
Nove
pessoas foram baleadas entre as 19h30 de anteontem e a 0h de ontem no Jardim
São Luiz, na zona sul de São Paulo. Três morreram e duas ficaram feridas.
Na mesma
região, outros homens foram baleados.
Anteontem,
Alckmin disse que fazia acompanhamento diário da onda de violência.
"[As
mortes] já estão em processo de queda. Eu tenho um acompanhamento diário, elas
já estão em um ritmo bem menor. Tem coisa que não tem ligação com o crime
organizado", disse.
A
escalada da violência começou em setembro, mês em que 144 pessoas foram mortas
na capital, e se intensificou após o dia 24 de outubro.
Desde
então, são comuns relatos de motoqueiros matando moradores e policiais.
Para a
polícia, parte das mortes foi ordenada pelo PCC, parte é de bandidos se
aproveitando para matar desafetos e há os crimes ocasionais, como os
passionais.
O
delegado Jorge Carrasco, diretor do departamento de homicídios, chegou a dizer
que a onda de homicídios era um "balaio louco".
A chacina
em Santo André não tinha explicação até a conclusão desta edição.
"Ele
não roubava e nunca foi violento", disse Elisângela Alves dos Santos,
ex-mulher de Agnaldo Nascimento Silva, uma das vítima.
CORRE-CORRE
A
violência afetou também o transporte coletivo na zona sul. Os mais de cem
ônibus da empresa Cidade Dutra deixaram de circular durante a manhã porque
criminosos atearam fogo em um veículo e feriram um cobrador.
"Foi
tudo muito rápido, não deu tempo de fazer nada. Saí pela janela", disse o
motorista do veículo, que tinha ao menos 15 passageiros. Ele não quis se
identificar.
A onda de
violência está longe da de maio de 2006, quando 540 pessoas, inclusive
policiais, foram mortas durante ataques do PCC.
São Paulo
também está distante de ser um dos Estados mais violentos do Brasil. No ano
passado, por exemplo, fechou com uma taxa de 10,1 homicídios por 100 mil
habitantes. Estão no topo do ranking Alagoas (74,5) e Espírito Santo (44,8).
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