Luiz Carlos Bresser-Pereira
Uma democracia parada no tempo
As campanhas eleitorais americanas, com custos astronômicos, são dominadas pelo dinheiro
Amanhã acontecem eleições nos EUA. Espero que Obama seja reeleito,
porque fez um bom governo e é um candidato muito melhor para o povo que
seu oponente. Mas, por incrível que possa parecer, esse resultado não
está assegurado.
Por que incrível? Porque Mitt Romney é o representante perfeito do regime político conservador e neoliberal que dominou os EUA e, a partir de lá, grande parte do mundo, exceto os países asiáticos dinâmicos desde o final dos anos 1970.
Entre 1979 e 2008, os Trinta Anos Neoliberais do Capitalismo foram um período de políticas e de reformas econômicas radicais que reduziram as taxas de crescimento em comparação aos Trinta Anos Dourados anteriores, aumentaram as desigualdades e multiplicaram as crises financeiras, estas coroadas pela crise global de 2008 e pela longa recessão que até hoje os países ricos experimentam.
Romney está associado a tudo isso de forma direta e clara: é o candidato dos rentistas e financistas que foram dominantes no período.
Como é possível, então, que o povo americano não veja isso? Como é possível que as pesquisas continuem indefinidas?
Há muitas explicações, mas, neste breve espaço, me limitarei à que me parece principal: a democracia americana parou no tempo, hoje é uma democracia de segunda classe quando comparada aos demais países ricos e se apresenta mal quando comparada à brasileira.
Não estarei exagerando? Afinal, os EUA sempre se apresentaram e sempre foram vistos como o exemplo de democracia. E, no passado, o foram. Mas desde o pós-Guerra as democracias europeias avançaram e se tornaram superiores. E desde os anos 1980 uma democracia como a brasileira também avançou e, não obstante seus problemas, apresenta hoje uma qualidade provavelmente melhor do que a americana.
A democracia americana é hoje dominada pelo dinheiro. As campanhas eleitorais têm custos astronômicos. Aqui, embora ainda não tenhamos financiamento público das campanhas como têm os europeus, elas são mais baratas graças principalmente ao horário gratuito na televisão e no rádio. Aqui o povo já sabe pensar ideologicamente, como ficou demonstrado no primeiro turno das eleições de São Paulo.
Depois de um candidato vazio ideologicamente passar toda a campanha à frente nas pesquisas, na última semana houve uma reviravolta, e os dois candidatos que faziam sentido, representando a esquerda e a direita, passaram à frente.
Uma democracia é tanto melhor quanto melhor o povo sabe votar. Quando vota em termos de programas e da qualidade pessoal dos candidatos. Nas eleições de amanhã, o presidente Obama representa uma segurança de bom governo para a grande maioria dos eleitores -para os pobres e para a classe média.
Mas estes se deixam enganar com argumentos como, por exemplo, o de que os males do país vêm de ter Obama socorrido os bancos no auge da crise à custa dos pobres que pagam impostos. Quando argumentos absurdos como esse prosperam, é sinal de que os eleitores estão confusos, e que a democracia é fraca. Tomara que isso que digo seja menos verdade amanhã.
Por que incrível? Porque Mitt Romney é o representante perfeito do regime político conservador e neoliberal que dominou os EUA e, a partir de lá, grande parte do mundo, exceto os países asiáticos dinâmicos desde o final dos anos 1970.
Entre 1979 e 2008, os Trinta Anos Neoliberais do Capitalismo foram um período de políticas e de reformas econômicas radicais que reduziram as taxas de crescimento em comparação aos Trinta Anos Dourados anteriores, aumentaram as desigualdades e multiplicaram as crises financeiras, estas coroadas pela crise global de 2008 e pela longa recessão que até hoje os países ricos experimentam.
Romney está associado a tudo isso de forma direta e clara: é o candidato dos rentistas e financistas que foram dominantes no período.
Como é possível, então, que o povo americano não veja isso? Como é possível que as pesquisas continuem indefinidas?
Há muitas explicações, mas, neste breve espaço, me limitarei à que me parece principal: a democracia americana parou no tempo, hoje é uma democracia de segunda classe quando comparada aos demais países ricos e se apresenta mal quando comparada à brasileira.
Não estarei exagerando? Afinal, os EUA sempre se apresentaram e sempre foram vistos como o exemplo de democracia. E, no passado, o foram. Mas desde o pós-Guerra as democracias europeias avançaram e se tornaram superiores. E desde os anos 1980 uma democracia como a brasileira também avançou e, não obstante seus problemas, apresenta hoje uma qualidade provavelmente melhor do que a americana.
A democracia americana é hoje dominada pelo dinheiro. As campanhas eleitorais têm custos astronômicos. Aqui, embora ainda não tenhamos financiamento público das campanhas como têm os europeus, elas são mais baratas graças principalmente ao horário gratuito na televisão e no rádio. Aqui o povo já sabe pensar ideologicamente, como ficou demonstrado no primeiro turno das eleições de São Paulo.
Depois de um candidato vazio ideologicamente passar toda a campanha à frente nas pesquisas, na última semana houve uma reviravolta, e os dois candidatos que faziam sentido, representando a esquerda e a direita, passaram à frente.
Uma democracia é tanto melhor quanto melhor o povo sabe votar. Quando vota em termos de programas e da qualidade pessoal dos candidatos. Nas eleições de amanhã, o presidente Obama representa uma segurança de bom governo para a grande maioria dos eleitores -para os pobres e para a classe média.
Mas estes se deixam enganar com argumentos como, por exemplo, o de que os males do país vêm de ter Obama socorrido os bancos no auge da crise à custa dos pobres que pagam impostos. Quando argumentos absurdos como esse prosperam, é sinal de que os eleitores estão confusos, e que a democracia é fraca. Tomara que isso que digo seja menos verdade amanhã.
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