Folha de S. Paulo, 8
de março de 2013.
Transparência e integração na
segurança
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Regina Miki
TENDÊNCIAS/DEBATES
Ao padronizar informações sobre segurança
pública, o governo pretende melhorar o planejamento de ações e ampliar a
transparência
O Brasil
está prestes a dispor de um instrumento que vai garantir muito mais
eficiência e rapidez nas ações de segurança pública e combate à violência.
Com a aprovação, em 2012, da lei nº 12.681, proposta pelo governo federal, o
país terá um Sistema Nacional de Informações de Segurança Pública, Prisionais
e sobre Drogas, o Sinesp.
O sistema
integrará União, Estados e Distrito Federal e reunirá dados essenciais para
um melhor planejamento e avaliação das políticas públicas desenvolvidas.
Também possibilitará maior transparência pelo fácil acesso às informações via
internet e, por consequência, proporcionar maior controle social.
Cada vez
mais alinhado às exigências do Estado democrático de Direito, o enfoque da segurança
pública tem sido direcionado à união das ações de repressão policial
qualificada, com prevenção à criminalidade, implementada paralelamente a
projetos voltados a educação, assistência social, esporte e lazer.
Além de
demandar, das três esferas de governo, maior participação comunitária e
capacitação dos profissionais que atuam na ponta, a gestão compartilhada da
segurança pública exige diagnósticos confiáveis. É impossível gerir políticas
públicas sem a consolidação de dados corretos sobre os problemas reais a
serem enfrentados. Atualmente, cada unidade da Federação utiliza conceitos,
critérios e metodologias diferentes para quantificar e analisar a
criminalidade, o que impossibilita a consolidação de números nacionais com
precisão.
Para
garantir a alimentação de dados no Sinesp, a Secretaria Nacional de Segurança
Pública (Senasp) já começou a tomar medidas para modernizar a gestão das
instituições de segurança pública dos Estados, com aquisição de sistema
informatizado e customização de sistemas de registros de atendimentos,
ocorrências e procedimentos policiais. Até o início de 2014, o Fundo Nacional
de Segurança Pública vai garantir a compra de equipamentos e o
desenvolvimento de sistemas de informação de Estados brasileiros que já
mantêm atualizadas as suas estatísticas.
A
expectativa é a de que possamos, por meio do Sinesp, criar uma rede nacional
de sistemas integrados de informação.
Na região
de fronteira, a Senasp investe na implantação de um sistema integrado e
padronizado de radiocomunicação digital para ampliar a área de cobertura e o
aumento do número de terminais.
Ações da
Estratégia Nacional de Segurança Pública nas Fronteiras (Enafron) seguem no
sentido de adquirir infraestrutura e equipamentos que permitam a troca de
informações e ações integradas para prevenção, fiscalização e repressão de
crimes transfronteiriços.
O sistema
analógico usado atualmente pelos entes federados localizados nas divisas do
país vai ser trocado por tecnologia digital criptografada. Evitará, assim,
que ocorram escutas não autorizadas em operações policiais. O investimento
ampliado por parte do governo federal na fronteira é principalmente uma
resposta do Estado brasileiro à necessidade de redução do tráfico de drogas,
investigação para prisão de traficantes e desarticulação de organizações
criminosas.
Ciente de
que a droga chega ao país principalmente pela faixa de fronteira e de que o
tráfico de entorpecentes está dentre as principais causas de homicídios no
país, a Senasp prioriza projetos que se relacionam. Garante a segurança na
fronteira, promove ações de enfrentamento ao crack, com o programa Crack, É
Possível Vencer, e executa o Brasil mais Seguro, programa de redução da
criminalidade violenta por meio do fortalecimento das ações de policiamento
ostensivo, investigação criminal, perícia forense e desarmamento.
Para o
governo federal, a segurança pública é uma prioridade. Até agora já foram
alcançados resultados relevantes e muitos outros se aproximam, a partir do
amplo espectro de ações, todas tipicamente de Estado, que incidem sobre as
atividades essenciais para a segurança pública.
REGINA MIKI, 52, é secretária nacional de
Segurança Pública do Ministério da Justiça
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