Reforma franciscana
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29 Mar 2013
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Hélio Schwartsman
SÃO PAULO
- Existem bons argumentos para defender o financiamento público de
campanhas políticas. O atual sistema, em que grandes empresas dão
dinheiro a candidatos, gera duas distorções graves. Em primeiro lugar,
ele favorece, senão a corrupção deslavada, ao menos o tráfico de
influência, já que os doadores tendem a cobrar a fatura dos eleitos na
forma de favores.
O
outro problema é que, num contexto de campanhas caras, políticos amigos
do capital ficam numa situação de enorme vantagem diante de
competidores sem as mesmas relações, o que faz com que a democracia
ganhe temerários tons plutocráticos.
Mesmo
assim, reluto em comprar a ideia do financiamento público exclusivo. Do
jeito que é hoje, campanhas já consomem uma boa verba do Tesouro. No
último pleito municipal, o TSE desembolsou R$ 395,3 milhões em despesas
operacionais, aos quais se somaram R$ 606,1 milhões em renúncias fiscais
com o horário eleitoral gratuito e R$ 286,3 milhões do Fundo
Partidário. No total, foi R$ 1,3 bilhão, ou R$ 9,38 por eleitor.
Se
acrescentarmos a isso os gastos privados, que chegaram a R$ 2,8 bilhões
no ano passado, a conta vai a R$ 4,1 bilhões, ou R$ 29,44 por eleitor.
Vale lembrar que a disputa municipal tende a ser mais barata que as
eleições gerais para presidente, governadores, senadores e deputados.
E
é complicado defender que se multiplique por três o investimento
público na política quando existem tantas carências no país. Prefiro
continuar com o modelo que admite dinheiro privado, tomando o cuidado de
evitar os desvirtuamentos mais gritantes. Acho que isso é possível, se
proibirmos as contribuições de empresas e admitirmos apenas doações de
cidadãos até um limite razoavelmente baixo de, digamos, R$ 1.000.
O
que de pior aconteceria é as campanhas ficarem um pouco mais
franciscanas, o que não é um problema e ainda ajudaria a identificar
quem pode estar recebendo doações ilegais.
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sexta-feira, 29 de março de 2013
Plutocracia eleitoral
Folha de S. Paulo, 29 de março de 2013.
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