Brasil puxa gasto militar
Folha de S. Paulo 11 de junho 2011.
Brasil puxa alta de gasto militar na América do Sul | |
País responde por 80% do aumento das despesas da região, diz instituto Segundo Sipri, gastos globais, entretanto, continuam dominados pelos EUA; China fica em distante 2º lugar CLAUDIA ANTUNES DO RIO A América do Sul foi a região do mundo em que os gastos militares mais cresceram em 2010, e o Brasil foi responsável por 80% desse aumento, de acordo com um relatório divulgado ontem pelo Sipri (Instituto Internacional de Estudos da Paz de Estocolmo). O instituto atribui o fenômeno à recuperação econômica da região, uma das menos atingidas pela crise global de 2008. Destaca também o projeto de reequipamento das Forças Armadas brasileiras, que neste ano foi desacelerado pelos cortes orçamentários na Defesa. "O Brasil está buscando projetar seu poder e influência para além da América do Sul, por meio da modernização militar", constata o Sipri. Os gastos militares mundiais, que atingiram US$ 1,63 trilhão em 2010, continuam amplamente dominados pelos EUA, responsáveis por 43% do total. O país é seguido de longe por China (7,3%) e potências tradicionais como a França (3,6%). O Brasil ficou em 11º lugar no ranking mundial das despesas militares. Mas, como proporção do PIB, seus gastos foram de 1,6%, pouco mais do que em 2009 (1,5%). O número é inferior aos de EUA (4,8%), China (2,1%) e Índia (2,7%), entre outros. Os dados do Brasil são baseados no Orçamento de 2010 e incluem despesas com salários e pensões, que consomem 70% do total estimado em US$ 33,5 bilhões, em valores correntes. O aumento é de 9,3% em relação a 2009. Na América do Sul, também se destacam os aumentos do Peru (16%) e da Colômbia (7,2%). O da Argentina subiu 6,6%, mas a diferença foi basicamente para o pagamento de soldos. A Venezuela é destaque, mas em sentido contrário. Depois de incrementar as despesas entre 2004 e 2009, com a compra de aviões caça e outras armas russas, o país reduziu-as em 27,3%. O Sipri ressalta, no entanto, que parte do pagamento por essas armas pode não ter sido incluído no orçamento público do país. O crescimento do gasto sul-americano, de 5,8%, foi bem superior à média anual entre 2001 e 2009 (3,7%). O Sipri critica as despesas bélicas numa região "com carências sociais mais urgentes" e recomenda que os países levem adiante a promessa de maior transparência, inclusive no âmbito da Unasul (União de Nações Sul-Americanas). EUA X CHINA Apesar de terem desacelerado seu orçamento militar, que aumentou 2,8% contra 7,4% entre 2001 e 2009, os EUA sozinhos foram responsáveis por 95% de tudo o que o mundo gastou a mais com o setor em 2010, na comparação com 2009. Os americanos gastam seis vezes mais do que a China, que vem aprimorando sua Marinha para tentar reduzir a dominância militar dos EUA nas áreas do Pacífico perto da sua costa. Na África, os responsáveis pela alta de 5,2% nas despesas foram Angola, Nigéria, Argélia e Marrocos. | |
FAB fecha acordo para modernizar caças
Aeronáutica pagará US$85 milhões para empresa israelense equipar aeronaves
Cassio Bruno e Daniela Kresch
Cassio Bruno e Daniela Kresch
TEL AVIV e RIO. A Embraer contratou a empresa israelense Elbit Systems como principal fornecedora do projeto de modernização de 11 caças supersônicos F-5 para a Força Aérea Brasileira (FAB). O acordo, anunciado ontem, é avaliado em US$85 milhões (R$133 milhões) e será posto em prática pela subsidiária da Elbit no Brasil, a gaúcha Aeroeletrônica (AEL). As aeronaves modernizadas deverão ser entregues em 2013.
Os caças, comprados ano passado da Jordânia, ganharão computadores de bordo, radares e sistemas ultramodernos, como o "EW" (Eletronic War, ou Guerra Eletrônica) e um software de gerenciamento de munição. A empresa israelense fornecerá um simulador de voo e equipamentos de apoio em terra.
A FAB conta com 57 caças F-5, sendo que 46 deles já foram modernizados. A Elbit Systems também está envolvida na modernização de 54 aviões Bandeirante (C-95). Em dezembro, a primeira aeronave com a nova cabine de controle fez seu primeiro voo, considerado um sucesso. Até hoje, o novo Bandeirante já completou 70 voos experimentais e, em maio, deve ser posto à disposição da FAB.
Os caças, comprados ano passado da Jordânia, ganharão computadores de bordo, radares e sistemas ultramodernos, como o "EW" (Eletronic War, ou Guerra Eletrônica) e um software de gerenciamento de munição. A empresa israelense fornecerá um simulador de voo e equipamentos de apoio em terra.
A FAB conta com 57 caças F-5, sendo que 46 deles já foram modernizados. A Elbit Systems também está envolvida na modernização de 54 aviões Bandeirante (C-95). Em dezembro, a primeira aeronave com a nova cabine de controle fez seu primeiro voo, considerado um sucesso. Até hoje, o novo Bandeirante já completou 70 voos experimentais e, em maio, deve ser posto à disposição da FAB.
Dassault: negociações sobre caças estão paradas
O vice-presidente da Dassault Aviation, Eric Trappier, disse ontem esperar que até o fim do ano o governo Dilma Rousseff decida sobre a compra dos 36 caças Rafale, fabricado pela empresa francesa. Em entrevista a jornalistas brasileiros, Trappier confirmou que estão paradas as negociações com o governo, que só pretende se decidir em 2012.
- É uma decisão de longo prazo. Entre fechar o contrato, entregar os aviões e o início das operações são 30, 35 anos. Entendemos que houve um congelamento (das negociações) por motivos orçamentários - afirmou Trappier, referindo-se aos cortes de R$50 bilhões no Orçamento anunciado por Dilma, em janeiro.
O vice-presidente da Dassault Aviation, Eric Trappier, disse ontem esperar que até o fim do ano o governo Dilma Rousseff decida sobre a compra dos 36 caças Rafale, fabricado pela empresa francesa. Em entrevista a jornalistas brasileiros, Trappier confirmou que estão paradas as negociações com o governo, que só pretende se decidir em 2012.
- É uma decisão de longo prazo. Entre fechar o contrato, entregar os aviões e o início das operações são 30, 35 anos. Entendemos que houve um congelamento (das negociações) por motivos orçamentários - afirmou Trappier, referindo-se aos cortes de R$50 bilhões no Orçamento anunciado por Dilma, em janeiro.
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