segunda-feira, 11 de abril de 2011

Brasil puxa gasto militar

Folha de S. Paulo 11 de junho 2011.

Brasil puxa alta de gasto militar na América do Sul



País responde por 80% do aumento das despesas da região, diz instituto
Segundo Sipri, gastos globais, entretanto, continuam dominados pelos EUA; China fica em distante 2º lugar
CLAUDIA ANTUNES
DO RIO
A América do Sul foi a região do mundo em que os gastos militares mais cresceram em 2010, e o Brasil foi responsável por 80% desse aumento, de acordo com um relatório divulgado ontem pelo Sipri (Instituto Internacional de Estudos da Paz de Estocolmo).
O instituto atribui o fenômeno à recuperação econômica da região, uma das menos atingidas pela crise global de 2008. Destaca também o projeto de reequipamento das Forças Armadas brasileiras, que neste ano foi desacelerado pelos cortes orçamentários na Defesa.
"O Brasil está buscando projetar seu poder e influência para além da América do Sul, por meio da modernização militar", constata o Sipri.
Os gastos militares mundiais, que atingiram US$ 1,63 trilhão em 2010, continuam amplamente dominados pelos EUA, responsáveis por 43% do total. O país é seguido de longe por China (7,3%) e potências tradicionais como a França (3,6%).
O Brasil ficou em 11º lugar no ranking mundial das despesas militares. Mas, como proporção do PIB, seus gastos foram de 1,6%, pouco mais do que em 2009 (1,5%). O número é inferior aos de EUA (4,8%), China (2,1%) e Índia (2,7%), entre outros.
Os dados do Brasil são baseados no Orçamento de 2010 e incluem despesas com salários e pensões, que consomem 70% do total estimado em US$ 33,5 bilhões, em valores correntes. O aumento é de 9,3% em relação a 2009.
Na América do Sul, também se destacam os aumentos do Peru (16%) e da Colômbia (7,2%). O da Argentina subiu 6,6%, mas a diferença foi basicamente para o pagamento de soldos.
A Venezuela é destaque, mas em sentido contrário. Depois de incrementar as despesas entre 2004 e 2009, com a compra de aviões caça e outras armas russas, o país reduziu-as em 27,3%.
O Sipri ressalta, no entanto, que parte do pagamento por essas armas pode não ter sido incluído no orçamento público do país.
O crescimento do gasto sul-americano, de 5,8%, foi bem superior à média anual entre 2001 e 2009 (3,7%).
O Sipri critica as despesas bélicas numa região "com carências sociais mais urgentes" e recomenda que os países levem adiante a promessa de maior transparência, inclusive no âmbito da Unasul (União de Nações Sul-Americanas).
EUA X CHINA
Apesar de terem desacelerado seu orçamento militar, que aumentou 2,8% contra 7,4% entre 2001 e 2009, os EUA sozinhos foram responsáveis por 95% de tudo o que o mundo gastou a mais com o setor em 2010, na comparação com 2009.
Os americanos gastam seis vezes mais do que a China, que vem aprimorando sua Marinha para tentar reduzir a dominância militar dos EUA nas áreas do Pacífico perto da sua costa.
Na África, os responsáveis pela alta de 5,2% nas despesas foram Angola, Nigéria, Argélia e Marrocos.
 

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