domingo, 3 de abril de 2011

cidadãos de primeira e de segunda classe

Folha de S. Paulo 3 abril 2011

Cidades de RO têm vigilância menor que ex-governadores

Trinta policiais pagos pelo Estado prestam serviço a Ivo Cassol e João Cahulla

Serviço à sociedade foi maior que os policiais à disposição, diz Cassol; advogado de Cahulla não comentou o caso

RODRIGO VARGAS
DE CUIABÁ

Um efetivo de 30 policiais militares presta segurança para dois ex-governadores de Rondônia.
Segundo a Casa Militar do Estado, 18 homens acompanham os passos de Ivo Cassol (PP), atualmente senador. Outros 12 estão à disposição de João Cahulla (PPS).
O número é superior à quantidade de policiais lotada em muitos municípios do Estado. Vale do Anari, com quase 10 mil habitantes, possui um efetivo de oito PMs. Os 31 mil moradores de Machadinho D'Oeste, por sua vez, contam com 26 policiais.
Projeto de lei, em tramitação na Assembleia, pretende extinguir o benefício, instituído por iniciativa de Cassol em 2008 e reeditado por ele em março do ano passado -pouco antes de sua desincompatibilização do cargo.
A reedição retirou referência ao número máximo de dez policiais (dois oficiais) que poderiam ser destinados a proteger ex-governadores.
A quantidade de policiais é diferente para os dois políticos pois cada um pediu um número de agentes diferente.

"CIDADÃO COMUM"
Quem foi governador antes da edição da lei não ganha o benefício pois a legislação estabelece que a segurança será suspensa quando o ex-governador completar dois mandatos fora do cargo.
"Os ex-governadores não podem ser tratados como cidadão comum", dizia o texto da justificativa do projeto de lei, assinado por Cassol.
A extinção do benefício foi proposta pelo deputado estadual José Hermínio Coelho (PT), que disse considerar a medida "desnecessária".
Para ele, o Estado é "pacato" e os grupos de oposição não representam uma "ameaça". "A justificativa é, no mínimo, constrangedora, na medida que trata grupos políticos como bandidos", disse, em seu projeto.
Além do efetivo policial, cada ex-governador tem direito à escolta de um veículo. O major Maurício Gualberto, secretário-chefe da Casa Militar, disse que a segurança pode ser solicitada em viagens a outros Estados e ao exterior.

OUTRO LADO
A assessoria do senador Ivo Cassol (PP) disse à Folha que são 16 os policiais destacados para sua segurança, e não 18 como informado pela Casa Militar.
O número é necessário, diz, para "permitir o estabelecimento de uma escala". "Não são todos que atuam ao mesmo tempo."
Afirmou ainda que Cassol precisa de "proteção integral" devido a "diversas ameaças de morte" recebidas por ter denunciado "personalidades de alto coturno".
"O serviço prestado à sociedade foi muito maior do que estes policiais que estão à disposição. E além dos policiais, Cassol ainda tem seus seguranças particulares."
Ele nega que utilize a escolta em viagens fora de RO. Disse que costuma "complementar do próprio bolso as diárias dos policiais para que eles possam se hospedar nos mesmos hotéis que ele."
A Folha procurou o ex-governador João Cahulla e deixou recado em seu celular. Seu advogado disse que ele estava viajando e que não estava autorizado a falar.

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