Folha de S. Paulo 3 abril 2011
Relatório da PF sobre mensalão reforça denúncia
Documento confirma desvio de recursos públicos para políticos do PT e seus aliados no início do governo Lula
Relator do caso aguarda parecer da Procuradoria sobre informações colhidas por policiais nas investigações
DE BRASÍLIA
DE SÃO PAULO
Relatório final da Polícia Federal em um dos inquéritos do escândalo do mensalão confirma em detalhes que existiu um esquema de desvio de dinheiro público para o PT e partidos aliados do governo no Congresso.
O texto traz as conclusões de um inquérito aberto em março de 2007 para aprofundar as investigações sobre a origem do dinheiro do esquema e seus beneficiários.
O inquérito correu em sigilo de justiça paralelamente à ação principal do mensalão, que está no STF (Supremo Tribunal Federal) e tem 38 políticos e empresários como réus, entre eles o ex-ministro José Dirceu e o ex-presidente do PT José Genoino.
O relatório foi entregue há cerca de um mês pelo delegado Luiz Flávio Zampronha e suas principais conclusões foram reveladas pela revista "Época" na edição que chegou ontem às bancas.
O relatório reforça a denúncia da Procuradoria-Geral da República que deu origem ao processo criminal no STF, reunindo várias evidências de que recursos públicos foram desviados para o empresário Marcos Valério de Souza e depois repassados para o PT e seus aliados.
A PF afirma que agências de publicidade e outras empresas de Marcos Valério mantinham contratos fictícios ou superfaturados para desviar os recursos, que beneficiaram, além do PT, políticos de outros quatro partidos (PMDB, PTB, PP e PR).
O dinheiro, segundo confirma a PF, era destinado a campanhas eleitorais ou ao uso pessoal desses políticos.
A existência do mensalão foi revelada pela Folha em junho de 2005.
O novo relatório joga água fria nos esforços que vários envolvidos têm feito para esvaziar a denúncia da PGR e assegurar a absovição dos réus. Antes de deixar o governo, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que iria se dedicar à "desconstrução" do caso para provar que tudo "foi uma farsa".
O julgamento no STF deve ocorrer em 2012. O ministro Joaquim Barbosa, relator do caso, pediu à PGR um parecer sobre o relatório para avaliar se algo poderá ser aproveitado na ação principal.
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