O crescente drama do sistema penitenciário
|
29 Set 2012
| |
Editorial
Os
números do sistema carcerário brasileiro são a medida de uma trágica
realidade, tanto pela quantidade de detentos ali recolhidos quanto pelas
condições deploráveis das prisões. É um submundo de agressões - morais e
físicas - à dignidade humana.
O
país tem a quarta maior população carcerária do mundo. São mais de 500
mil presos, literalmente espremidos num complexo penal em que há um
crônico déficit de 200 mil vagas. É uma equação perversa: aplicados na
prática, estes números se traduzem numa desumana taxa de ocupação de
1,65 preso por vaga (relação que, na América do Sul, só é superada pela
Bolívia, com 1,66).
Em
algumas unidades a média explode: no presídio Aníbal Bruno (PE) vai a
3,6 detentos por vaga, e no complexo de Pinheiros (SP) a taxa alcança
2,9. No Presídio Central de Porto Alegre chega a 2,2, a mesma relação
presos/vaga do Carandiru à época do massacre de 111 presos, em 1992.
São
indicadores que inviabilizam programas de ressocialização de presos, um
dos princípios que justificam a existência de cadeias. Neles, estão
embutidas distorções que não são enfrentadas com a urgência que a
questão exige. O número de vagas criadas no sistema não acompanha o
ritmo de aumento da população carcerária, o que só potencializa a
crítica situação de um complexo prisional já insuficiente para abrigar a
atual massa de presidiários.
Disso
resulta um problema adicional: sem vagas suficientes nos presídios,
cresce o total de réus já condenados que cumprem penas em delegacias, e
os chamados presos provisórios. Eles são 40% da massa carcerária,
recolhidos a unidades em que as condições são ainda mais degradantes do
que nas penitenciárias.
De
2005 a 2011, o volume de presos aumentou 74%, contra um incremento de
66% na capacidade de absorção de novos detentos. Só em São Paulo, o
total de réus recolhidos a prisões foi acrescido de pouco mais 12 mil
pessoas, contingente próximo ao da população de 75% dos municípios
brasileiros (que têm menos de 20 mil habitantes).
É
um problema complexo, mas com espaço para soluções mais imediatas. A
principal delas é de implementação a curto prazo: construir mais
presídios (o país tem um déficit de quase 400 unidades). Isso exige
investimentos públicos e vontade política. Ambos são imprescindíveis.
|
sábado, 29 de setembro de 2012
O crescente drama do sistema penitenciário
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário