sábado, 19 de fevereiro de 2011

interessante caso de criminalidade endógena

Folha de S. Paulo 19 fevereiro de 2011.

Quadrilha planejou carreira de delegado, afirma Promotoria

Justiça aceitou ontem denúncia do Ministério Público e 44 suspeitos da Operação Guilhotina são réus em ação

Investigação conclui que ascensão de Carlos Oliveira na polícia daria acesso às operações policiais contra o tráfico

ITALO NOGUEIRA
HUDSON CORRÊA
DO RIO

O Ministério Público concluiu que a suposta quadrilha formada pelo ex-subchefe de P olícia Civil do Rio Carlos Oliveira planejou a ascensão do delegado na estrutura da instituição para ter mais acesso às operações policiais e se apropriar de armas e munição de traficantes.
Ontem, 44 pessoas investigadas pela Operação Guilhotina foram denunciadas e passaram a ser rés.
Oliveira foi subchefe operacional da Polícia Civil e era braço direito do delegado Allan Turnowski, indiciado pela PF sob suspeita de violação de sigilo profissional.
O advogado do delegado Oliveira, Ary Bergher, só irá falar sobre o caso depois que tiver acesso ao processo.
Segundo os promotores, a quadrilha era composta por 20 pessoas, 11 delas policiais. Um trio era o responsável por cooptar moradores de favelas dominadas pelo tráfico para que se tornassem informantes do grupo.
Esses moradores teriam como função avisar sobre movimentações de traficantes e outras ilegalidades.
Com base nessas informações, a quadrilha organizaria operaç� �es policiais comandadas por Oliveira -dessa forma, dizem os procuradores, o delegado criaria uma imagem de bom profissional, que o levaria a cargos mais altos na corporação.

ESCUTASDepois de colocar Oliveira em um alto cargo, na avaliação dos promotores, a quadrilha teria mais condições de "se apropriar de armas, munições e de bens dos próprios traficantes". As informações surgiram a partir de escutas telefônicas autorizadas pela Justiça.
Segundo a denúncia, durante ação policial nos morros de São Carlos e Mineira em 2008, o grupo desviou quatro fuzis, 15 pistolas e munição. Os fuzis teriam sido revendidos a um homem chamado Ribeiro, que seria chefe da segurança da Igreja Universal do Reino de Deus.
A assessoria da denominação religiosa não respondeu aos contatos da reportagem.
Outra quadrilha apontada pela Promotoria, formada por policiais da Dcod (Delegacia de Combate às Drogas), repassava armas do C omando Vermelho, apreendidas em ações oficiais, à rival ADA (Amigos dos Amigos).

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