“Dilma manteve a promiscuidade com o Congresso” | Mon, 28 Feb 2011 07:40:55 -0300 | |
Em entrevista, líder da oposição no Senado diz que a reforma política depende do governo Ana Paula Siqueira O senador Alvaro Dias (PSDB-PR), líder da oposição no Senado, não poupa críticas ao governo da presidente Dilma Rousseff. Ele nega o rótulo de “elitista” do seu partido e afirma que o PSDB se afastou dos movimentos populares graças ao PT, que segundo ele, teria “cooptado” setores com a distribuição de recursos públicos. O senador reconhece “não ser simpático” defender uma janela para troca de partido, mas afirma que é preciso corrigir distorções. A oposição insistiu pelo salário mínimo de R$ 600, mas segundo o senador Roberto Requião (PMDB-PR), apenas dois dos cinco estados governados pelo PSDB estipularam esse valor. Como o senhor analisa a postura do partido? – Certamente os estados estavam aguardando a definição do mínimo nacional para depois discutir o salário mínimo regional. As centrais sindicais me informaram que iniciarão as negociações no Paraná para definir o valor do reajuste. Vamos aguardar para saber como será o procedimento dos estados. Como vê o tratamento que o governo deu à questão? – Mudou o presidente, mas o modelo é o mesmo. A relação com o Congresso é promíscua. A pressão sobre a bancada governista envolve ocupação de espaço no Executivo, distribuição de recursos. O rolo compressor acelera o processo para reduzir o espaço do debate. Há um viés autoritário, e a votação foi um teste. O governo foi bem sucedido. Com a instalação da comissão da reforma política, o senhor acredita que o Congresso conseguirá avançar no tema e votar a reforma este ano? – Reforma política que confira ao país um modelo novo só ocorrerá se houver vontade política da Presidência da República. Quem comanda o processo legislativo é o Executivo. Não há nenhuma novidade nesse processo. As propostas tramitam há anos. Muitas foram aprovadas pelo Senado, e a Câmara não deu continuidade. Essa comissão é uma forma de pressão. Quais aspectos considera essenciais na reforma? – A questão das coligações.É preciso evitar a comercialização do tempo de TV e rádio, que é um estímulo à corrupção eleitoral. Para isso, estamos propondo que o partido que esteja coligado não some o tempo de televisão, a menos que seja o vice na chapa. E a cláusula de barreira, exatamente para evitar essa pulverização que tumultua o processo e desfigura a representação popular. O senhor é favorável a uma janela para a troca de partido? – Há que se estabelecer um curto período – e único – para uma acomodação definitiva. Não é simpático defender essa tese, mas a constatação exige uma reacomodação. Convivemos com contradições absurdas, pessoas da extrema direita se filiam a partidos comunistas. Talvez seja um ônus que tenha que se pagar em razão dos antecedentes. A sociedade tem dado mostras de que não concorda com o voto proporciona. Acredita que os parlamentares cortarão na própria carne e impedirão que os chamados puxadores de voto ajudem a eleger políticos sem expressão e votos? – A tese tem força e pode vingar. Haverá pressão dos interessados. Por isso, a reforma política tem que ouvir forças alheias ao parlamento. Há algum ponto pacífico sobre a reforma dentro do PSDB? – O partido está organizando uma comissão formada por deputados e senadores para tentar unificar o discurso. Que mudanças o senhor considera necessárias para que o PSDB melhore seu desempenho nas urnas nas próximas eleições? – É preciso revitalizar o partido nos estados e municípios e estabelecer como objetivo o lançamento de candidatos próprios nas principais cidades brasileiras. Eleição municipal dá visibilidade à legenda. É possível mudar esse perfil tido por muitos como elitista e se aproximar mais dos movimentos populares, como os sindicatos? – Acho esse rótulo um pouco precipitado. O PSDB, tanto quanto o PT ou outro partido, tem quadros originários da classe trabalhadora. O partido se afastou um pouco devido às circunstâncias. O PT cooptou setores dos movimentos sociais, inclusive com recursos públicos. Mas a nossa meta é restabelecer esses vínculos aproveitando temas em debate no Congresso. A votação do salário mínimo foi um exemplo. Muitos governadores têm pressionado o governo pela volta da CPMF – proposta que conta com o apoio de alguns tucanos. Como o PSDB tratará a questão? – Isso é uma manobra esperta do governo ao transferir para os governadores o que é de seu desejo. O problema da saúde no Brasil é de corrupção, falta de planejamento e incompetência de gerenciamento. Não é dinheiro. |
segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011
E a Emenda da reeleição de FHC?
Jornal do Brasil 28 fevereiro 2011
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