Somos reféns do crime, diz oficial da PM
Vice-presidente de entidade de policiais, tenente-coronel Ricardo Jacob afirma que São Paulo vive 'estado de exceção'
Ex-comandante de três batalhões relata que 'policiais estão com medo' e pede revisão da política de segurança AFONSO BENITES
DE SÃO PAULO
Vice-presidente da Associação dos Oficiais Militares de SP, o tenente-coronel da reserva da PM Ricardo Jacob diz que os policiais hoje se sentem reféns de criminosos.
Com a experiência de 32 anos de polícia e após comandar três batalhões, sendo um deles a Tropa de Choque, Jacob diz que São Paulo vive um "estado de exceção", com 88 PMs assassinados neste ano.
Ricardo Jacob - Com muita preocupação. Quando se ataca um policial, você não está atacando apenas um policial, mas o Estado. É uma agressão contra toda a sociedade representada pelo Estado.
O governo diz que a política de segurança está correta e que não precisa ser alterada. O senhor concorda?
É preciso reavaliar essa política. Estamos perdendo para a criminalidade. Somos reféns dos criminosos. Antigamente, o "marginal" tinha medo, tinha receio de atacar um policial.
Agora, atacam os policiais de folga e policiais que já passaram para a reserva, simplesmente para abalar o moral da instituição.
Esse policial já cumpriu a tarefa dele, ele não tem nada a ver com o que está ocorrendo agora. É uma intimidação.
Os PMs se sentem apoiados pelo governo?
O Estado peca ao não nos apoiar. O governo precisa ser transparente. Tem de falar a verdade, que estamos vivendo uma situação de crise. Se tivéssemos apoio, não teríamos tantas mortes.
Se o senhor fosse secretário da Segurança, o que faria?
O problema é enfrentar a criminalidade de acordo com a lei. É preciso mudar a legislação e a maioridade penal.
Eu botaria todos os chefes da facção PCC no RDD (regime disciplinar diferenciado) nas cadeias, bloquearia os sinais de celulares nas cadeias, acabaria com a progressão de pena para presos mais perigosos e reforçaria o policiamento ostensivo no Estado.
Hoje, estamos em um estado de exceção. Se nós, policiais, estamos com medo, imagine o cidadão comum?
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