Folha de S. Paulo, 10 de julho de 2012.
Mensalão
era golpe para depor Lula, diz presidente da CUT
Congresso
da central sindical contou com presença de Dirceu e Delúbio, dois dos 38 réus
do processo no STF
Dirigente
declarou apoio ao PT na disputa em São Paulo e afirmou que atuará para evitar
volta do PSDB ao poder
O
presidente da CUT (Central Única dos Trabalhadores), Artur Henrique, disse
ontem que o escândalo do mensalão foi uma tentativa de golpe contra o
ex-presidente Lula.
Ele
afirmou ainda que a democracia brasileira corre risco ao criticar a destituição
do ex-presidente Fernando Lugo no Paraguai.
"Esse
ataque à democracia pode acontecer no Brasil. Ou não foi isso que tentaram
neste país em 2005? Ou não tentaram depor e derrubar o presidente Lula com o
apoio da imprensa?", disse.
Em
discurso no 11º congresso nacional da CUT, o sindicalista chamou de
"companheiros" dois réus do mensalão no STF (Supremo Tribunal
Federal): o ex-ministro José Dirceu e o ex-tesoureiro petista Delúbio Soares.
Os dois
foram recebidos como celebridades no evento, num centro de convenções na zona
sul de São Paulo. Posaram para fotos com sindicalistas e se sentaram na ala de
autoridades.
Henrique
declarou apoio ao candidato do PT a prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, e
prometeu que a central atuará para evitar "o retrocesso e a volta da
direita".
"Não
temos vergonha de dizer claramente que esta central sindical que tem lado na
disputa política", disse. "É um prazer ter você [Haddad] aqui no
nosso congresso."
Mais
cedo, o sindicalista descreveu o PSDB como inimigo a ser batido nas eleições.
"Não vamos permitir o retrocesso, a volta dos tucanos, do PSDB, ao
governo."
Em
entrevista publicada ontem na Folha, o presidente eleito da CUT Vagner Freitas,
que assume na quinta, ameaçou comandar protestos caso identifique julgamento
"político" no mensalão.
O caso
começará a ser julgado em agosto.
O
presidente da Câmara, deputado Marco Maia (PT-RS), criticou a ideia e defendeu
que os sindicatos não pressionem o STF.
"Se
começa uma pressão da mídia e dos partidos de oposição, é óbvio que quem se
sentir prejudicado vai usar das armas que tem para tentar influenciar. Mas eu
estou numa campanha pelo desarmamento", afirmou.
O
candidato do PSDB a prefeito, José Serra, criticou o novo dirigente da CUT.
"Ele [Freitas] tem que definir o que é 'político'. Provavelmente, é o que
o contraria. As entidades sindicais têm recursos públicos. Não são para ser
usados em campanha."
Durante o
evento, parte da plateia vaiou quando foi lida mensagem do governador Eduardo
Campos, presidente do PSB, partido que rompeu alianças com os petistas em BH,
Fortaleza e Recife.
(MARIANA
CARNEIRO E BERNARDO MELLO FRANCO)
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