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Continente da violência
A refutação aparece com clareza no relatório "Segurança Pública com Face Humana", do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud).
Apesar do crescimento econômico e da melhora na distribuição de renda, a região teve 100 mil assassinatos anuais no período. Em 11 dos 18 países analisados, a taxa de homicídios ainda está acima de 10 por 100 mil habitantes, um nível considerado preocupante (no Brasil são cerca de 20 por 100 mil).
Segundo o estudo, responsabilizar só o crime organizado e o narcotráfico é um erro. Eles se combinam com cinco outros fenômenos em alta: delitos de rua, como roubos; criminalidade juvenil; crimes de gênero (contra mulheres e homossexuais); violência policial; e o binômio corrupção/impunidade.
Uma atmosfera de brutalidade perpassa toda a sociedade, mesmo quando esta logra melhorar a distribuição de renda, mas em paralelo descura de ampliar os canais de ascensão social e de realização pessoal. A negligência com a educação, por exemplo, deixa multidões de jovens sem esperança de usufruir plenamente do crescimento econômico baseado no aumento do consumo.
O Brasil aparece em quinto lugar no ranking das mais altas taxas de homicídio de jovens, com 51,6 por 100 mil. Antes dele estão El Salvador (92,3), Colômbia (73,4), Venezuela (64,2) e Guatemala (55,4).
Se não melhora com a bonança da economia, a criminalidade pode, no entanto, contribuir para tolhê-la. Os milhões de anos de vida perdidos acarretam uma quebra de pelo menos 0,5% no PIB latino-americano, calcula o relatório.
Embora essas contas embutam premissas difíceis de verificar, tal projeção não parece implausível.
A deterioração da qualidade do ensino e seus reflexos negativos na produtividade engendraram reações sociais importantes, como o Movimento Todos pela Educação no Brasil. Já passa da hora de cada país latino-americano se unir em torno de pactos nacionais contra a epidemia de insegurança pública.
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