sábado, 11 de junho de 2011

Violência brasileira

 10.06.2011 | 11h48
'The Economist' critica escalada da violência em Alagoas
Conceituada revista inglesa chama políticos de 'fracos' e polícia de 'corrupta'
  Gazetaweb
O 'The Economist', conceituada revista semanal inglesa, publicou, nessa quinta-feira (09), matéria em que comenta a escalada da violência em Alagoas, com várias críticas direcionadas ao Governo do Estado, reportando-se aos políticos locais como 'fracos' e à polícia alagoana como 'corrupta'. O texto questiona ainda a possibilidade de o estado do Pará ser dividido em três. Para o autor, de autoria não revelada no site oficial da revista, somente esta possibiilidade seria capaz de fazer com que Alagoas se libertasse da condição de Estado mais violento do país.

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Confira, abaixo, a íntegra do texto:

Murder in Brazil: Danger in Alagoas

THE road from Maceió, the capital of Alagoas state, to its airport passes luxury-car showrooms and shops selling outsize Jacuzzis. In the central reservation, indigent families live under plastic sheeting. Even by the standards of Brazil’s north-east, Alagoas is scarred by poverty and extreme inequality. With 107 murders per 100,000 people, Maceió is also the most violent state capital in Brazil, just as, with 60 murders per 100,000, Alagoas is the country’s most violent state (see chart). It is a place of sugar and cattle, where the sugarcane cutters settle scores with fists and knives and the well-connected escape punishment by using contract killers instead.

Year-round sunshine, beautiful beaches and coral reefs mean tourism offers Alagoas’s best chance of development. But its status as Brazil’s crime capital puts that at risk. State officials are desperate to point out that Alagoans kill each other, not outsiders, and in slums, not beauty spots. Victims and murderers are often indistinguishable: unemployed, illiterate, drug-addicted young men, says Jardel Aderico, the state secretary for peace, whose job title represents an aspiration.

Brazil’s murder rate barely budged during the past decade, at around 26 per 100,000. But the geography of murder changed, notes Julio Jacobo Waiselfisz of the Instituto Sangari, a think-tank in São Paulo. In 1998 São Paulo and Rio de Janeiro were more violent than average; Alagoas was not. Better policing and economic growth have seen the murder rate fall by nearly two-thirds in São Paulo and two-fifths in Rio over the decade. Criminals squeezed out of long-held strongholds followed the money to areas of new industrial development and tourist destinations. Illegal logging and land grabs, together with new cross-border routes for guns and drugs, stoked crime in the Amazon. And Alagoas, its state government debt-ridden and police force weak, corrupt and often on strike, was at times close to lawless.

Things are starting to improve in Alagoas. The World Bank, which in 2009 lent the state $195m to stabilise its finances and improve its management, says the loan targets have been met. It is now working with the state on a plan to eradicate extreme poverty. Alagoas’s governor, Teotônio Vilela Filho, recently re-elected for a second term, has bought the police new cars and guns, and ended the practice of appointing police chiefs according to their political connections. Mr Aderico hopes that “peace lessons” in schools will create a less violent generation of Alagoans.

But in the short term the state’s best hope of moving down the murder rankings is for others to move up. Local politicians want to split Pará, a large Amazonian state, into three. If they succeed, Brazil’s map of violence will change once more. Marabá, which would become capital of south Pará, would inherit the title of murder capital and spare Maceió its shame.

Confira a tradução, para o português, do mesmo texto:

Assasinatos no Brasil: Perigo em Alagoas

No caminho de Maceió, capital do Estado de Alagoas, para o seu aeroporto passa carro de luxo, showrooms e lojas que vendem piscina sob medida. No acostamento, famílias indigentes vivem sob lonas de plástico.

Mesmo para os padrões do Nordeste do Brasil, Alagoas é marcado pela pobreza e extrema desigualdade. Com 107 assassinatos por 100.000 pessoas, Maceió é também a capital do Estado mais violento do Brasil. Com índices que chegam a 60 homicídios por 100 mil, Alagoas também é o estado mais violento do país. 

É um lugar de açúcar e gado, onde os donos das usinas acertam contas com os punhos e facas, escapando da punição e usando assassinos contratados sob encomenda.

Sol o ano inteiro, belas praias e recifes de coral significam melhores chances de desenvolvimento para o turismo de Alagoas. Mas o seu estatuto de capital brasileira do crime coloca em risco este potencial.

Funcionários do Estado estão desesperados, já que os alagoanos se matam uns aos outros nas favelas, que mancham a beleza da cidade.

Neste cenário de violência, vítimas e assassinos são muitas vezes indistinguíveis. “Desempregados, analfabetos, viciados em drogas, homens jovens”, diz Jardel Aderico, o secretário estadual de paz, cujo cargo representa uma aspiração.

A taxa de assassinatos do Brasil praticamente não se moveu durante a última década, em cerca de 26 por 100.000. Mas a geografia do crime mudou, observa Julio Jacobo Waiselfisz, do Instituto Sangari, uma ONG instalada em São Paulo.

Em 1998, São Paulo e Rio de Janeiro foram mais violentos do que a média; Alagoas não foi. Um melhor policiamento seguido do crescimento econômico fez com que houvesse uma queda da taxa de homicídio por quase dois terços em São Paulo e por dois quintos no Rio, durante a mesma década.

Os criminosos, expulsos das fortalezas de longa data, seguiram junto com o dinheiro para as áreas de desenvolvimento industrial e novos destinos turísticos. 

A exploração madeireira ilegal e a grilagem de terras, juntamente com novas rotas transfronteiriças de armas e drogas, levaram uma parte destes criminosos para a Amazônia. E Alagoas foi escolhido, pela fraqueza de um governo endividado e sem forças, como também pela fraca polícia, corrupta , muitas vezes em greve, e às vezes comandando o crime organizado.

A boa notícia é que as coisas estão começando a melhorar em Alagoas. O Banco Mundial, que em 2009 autorizou empréstimo para o Estado com o intuito de estabilizar suas finanças e melhorar a sua gestão, diz que as metas de empréstimo estão sido cumpridas.

Agora a instituição financeira está trabalhando com o estado em um plano para erradicar a pobreza extrema.

O governador de Alagoas, Teotonio Vilela Filho, recentemente reeleito para um segundo mandato, comprou os carros de polícia e armas novas, fomentando a prática de nomear chefes de polícia que não tenham conexões políticas. O secretário Aderico espera que as "lições de paz" nas escolas criem uma geração menos violenta de alagoanos.

Mas, no curto prazo, a melhor esperança do Estado de sair de baixo no ranking assassinato é com a piora dos outros.

Os políticos locais querem dividir Pará, um grande estado amazônico, em três. Se forem bem sucedidos, o mapa do Brasil de violência vai mudar mais uma vez. Marabá, que se tornaria capital do Pará, herdaria o título de capital de assassinatos e pouparia Maceió desta vergonha.

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