Bope usa explosivo para retomar QG | | |
Mais de 400 bombeiros amotinados são presos, mas protestos continuam Athos Moura, Melina Amaral, Simone Candida e Taís Mendes Policiais militares do Batalhão de Operações Especiais (Bope) invadiram ontem, às 6h, o Quartel Central do Corpo de Bombeiros, no Centro. A unidade estava ocupada desde a noite de sexta-feira por cerca de mil bombeiros que cobram do governo melhores salários. Para entrar no QG, o Bope derrubou o portão dos fundos do quartel com explosivos. A tropa de elite da PM fez ainda disparos de fuzis para o alto e lançou bombas de gás lacrimogêneo. Em resposta, os manifestantes usaram mangueiras de combate a incêndio e jogaram água nos policiais. Mas, acuados, decidiram se render. Foram presas 439 pessoas. Elas foram levadas num micro-ônibus para o Batalhão de Choque da PM. Alguns manifestantes, entre eles crianças e mulheres dos bombeiros, saíram feridos do local. O Hospital Souza Aguiar, unidade médica mais próxima, registrou, no entanto, apenas o atendimento de um menino que inalara fumaça. Depois de medicado, ele foi liberado. Outras pessoas, segundo a Secretaria municipal de Saúde, chegaram assustadas ao hospital, mas não precisaram de atendimento. Os bombeiros disseram que outros feridos não procurar a unidade por medo de serem presos. Invasão do quartel levou 15 minutos O comandante do Bope, tenente-coronel René Alonso, contou que recebeu a ordem de invasão às 3h. Segundo ele, os tiros para o alto foram necessários para controlar os ânimos. Durante a ação, de cerca de 15 minutos, pelo menos um bombeiro estava armado e teria atirado contra os policiais. Um homem do Bope levou uma pedrada no nariz. - Era um quadro delicado, uma situação não agradável, mas recebemos a missão - relatou o comandante do Bope. Na operação, a polícia chegou a utilizar carros blindados e dois helicópteros da PM, que sobrevoavam o local. Policiais de diversos batalhões, inclusive da cavalaria, escoltaram os manifestantes para fora do quartel. Alguns continuaram o protesto na Praça da República, em frente ao QG, mas o local foi debelado por policiais montados a cavalo. Poucos minutos depois da invasão, homens do Choque fizeram um cordão de isolamento da área. Mas o clima era tenso. O coronel Carlos Eduardo Milagres, chefe de gabinete do Comando Geral, chegou a usar um spray de pimenta contra um dos manifestantes, e acabou levando um chute. Um bombeiro ainda tentou atingir o oficial com um martelo, mas acabou ferindo um soldado do Choque. Na noite anterior, durante a tumultuada invasão do quartel pelos manifestantes, o comandante do Batalhão de Choque, Waldir Soares, quebrou um braço e sofreu uma lesão no joelho. Durante a madrugada de ontem, o comandante-geral da Polícia Militar, coronel Mário Sérgio Duarte, discursou para os manifestantes. Ele pediu que todos deixassem o quartel e voltassem para casa. O pedido, no entanto, foi ignorado: - Não esperamos ter que agir de uma forma violenta. Queremos negociar e evitar que isso (invasão) aconteça. Tenho convicção de que não será necessário - disse o comandante ainda de madrugada. Pela manhã, após a ocupação feita pelo Bope, um grupo de dezenas de bombeiros solidários aos presos fez um protesto em frente ao Batalhão de Choque, na Rua Frei Caneca. Um dos bombeiros, que pediu para não ser identificado, contou que a madrugada havia sido tranquila no quartel. Segundo ele, o Bope não teria poupado crianças e mulheres durante a invasão. - Somos bombeiros, não somos bandidos. Queria perguntar ao governador Sérgio Cabral onde mais ele prendeu tanta gente? Nossa manifestação era pacífica, e a única coisa que fizemos foi passar a noite com nossas famílias, em nossa segunda casa, que é o quartel - desabafou. Outro manifestante descreveu a invasão como muito violenta: - Com crianças e mulheres, qual a necessidade de entrar com fuzis e dar tiros? Chorando muito, o cabo Tulio deixou o quartel dos bombeiros com a mulher dizendo que o Bope a fez abortar. Sua esposa foi levada numa ambulância do Samu. - Ela começou a passar mal, estava sangrando. Pedi que fosse atendida, tentei socorro, mas ninguém escutou. Os policiais agiram de forma truculenta, nunca vi algo assim na minha vida. Sou bombeiro há nove anos, tenho dois filhos, acabei de perder o terceiro e só quero ter dinheiro para colocar comida na mesa. Em Campo Grande, um grupo de bombeiros fez também uma manifestação no viaduto que fica sobre a linha do trem. Eles, que também cobram melhores salários, ocuparam as duas pistas e o trânsito ficou complicado no local. Organizados com faixas e utilizando um caminhão da corporação, eles marcharam até o quartel do bairro. Os bombeiros prometem fazer manifestações todos os dias na cidade. |
domingo, 5 de junho de 2011
militares estaduais vs. militares estaduais (isto só ocorre no Brasil!!!!)
O Globo 5 de junho de 2011.
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