Toque de reunir
Uma onda de medo levou diversos estabelecimentos do bairro Cidade Tiradentes, na zona leste de São Paulo, a fechar suas portas.
Embora nenhum ataque tenha de fato ocorrido, o temor propagou-se pela região após uma série de ameaças, ao que parece orquestrada por marginais ligados ao PCC -sigla da facção criminosa Primeiro Comando da Capital.
A reação da Polícia Militar foi negar a hipótese de que um toque de recolher tenha sido determinado por criminosos. Tudo não teria passado de difusão de boatos, que ganharam proporções inesperadas.
Ainda que seja assim, é sintomático que os paulistanos se mostrem inseguros e amedrontados a ponto de ceder aos rumores e suspender suas atividades normais.
As intimidações seriam uma represália a ações da Rota, unidade especial da PM paulista, que levaram à morte de nove membros da organização criminosa.
Numa das incursões, pela versão oficial, policiais teriam surpreendido marginais reunidos na zona leste para planejar o resgate de um prisioneiro. Cinco bandidos foram mortos na troca de tiros, cinco fugiram e três terminaram presos. Nenhum policial se feriu. Três PMs foram acusados de torturar e matar um outro detido.
A resposta da facção veio na forma de ligações telefônicas ou de exibição de homens em atitude ameaçadora. Não assustou apenas responsáveis por lojas. Também funcionários de órgãos públicos como escolas, postos de saúde e um terminal de ônibus da SPTrans se sentiram coagidos a obedecer ao que seriam ordens do crime.
Está claro que tal sentimento de pânico não pode ser resumido a uma extemporânea manifestação paranoica, sem base na realidade. Permanece vivo na memória, como se vê, o traumático ataque do PCC que paralisou áreas inteiras da capital em maio de 2006.
Desde então, prossegue no Estado um embate entre as forças de segurança e a facção criminosa. Os sinais são de que o PCC perdeu parte considerável de sua capacidade de ação. A organização, todavia, não desapareceu, como fica provado pelo pânico que causou em Cidade Tiradentes.
O governo estadual precisa padronizar um procedimento rápido contra esse tipo de ação. Trata-se de garantir policiamento e orientação para que todo lojista e todo administrador de serviço público ameaçado se sinta seguro na decisão de manter as portas abertas.
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