quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Violência avança mais no interior do país



14/12/2011 - 12h09 / Atualizada 14/12/2011 - 15h21

Homicídios crescem 124% em 30 anos no país; violência avança mais no interior

Janaina Garcia
Do UOL Notícias, em São Paulo

Cerca de 1,1 milhão de brasileiros foram assassinados nos últimos 30 anos (de 1980 a 2010) no país, em um processo de disseminação da violência no qual cidades do interior já ditam o ritmo de crescimento dessas taxas. Com o aumento da população nessa três décadas, a taxa de homicídios, que na década de 80 era de 11,7 em cada grupo de 100 mil habitantes, passou para 26,2 em 2010, o que representa um aumento de 124%.
"É como se uma cidade inteira tivesse sido atingida por uma bomba atômica", disse o coordenador do Mapa da Violência 2012 e diretor de pesquisas do Instituto Sangari, o argentino Julio Waiselfisz, durante o lançamento do estudo nesta quarta-feira (14) em São Paulo.
O forte processo de interiorização fez com que as áreas mais violentas se deslocassem das capitais e regiões metropolitanas para o interior. Em 1995, por exemplo, enquanto nas capitais a taxa era de 40,1 homicídios em 100 mil e, no interior, de 11,7, em 2010 a taxa quase duplica no interior (22,1) e sofre redução nas capitais (33,6).
"Em menos de uma década, se esse ritmo seguir, o interior deverá ultrapassar os grandes centros urbanos", disse Waiselfisz. Em coletiva na Universidade de São Paulo, ele afirmou que os trabalhos foram feitos a partir de informações fornecidas pelos ministérios da Saúde e da Justiça, como certidões de óbito e boletins de ocorrência. O Estado em que os índices de homicídios são mais altos, de acordo com o mapa, é Alagoas, seguido por Espírito Santo, Pará, Pernambuco e Amapá.
O estudo aponta ainda que os 17 Estados que apresentavam as menores taxas de homicídio na virada do século tiveram aumentos significativos nesses índices, enquanto em sete outros Estados as taxas caíram. No ano 2000, os sete maiores tinham uma taxa conjunta de 45,6 homicídios em 100 mil habitantes, e os 17 menores, 15,4.
O número de quase 1,1 milhão de mortos em três décadas é muito superior, por exemplo, aos 45 mil mortos em 36 anos de guerra civil na Colômbia e praticamente o dobro dos 550 mil assassinatos da guerra civil em Angola.

Capitais mais violentas

Pelo ranking das capitais, metade das que apresentaram as taxas de homicídios mais altas de 2000 a 2010 estão no Nordeste. A lista é puxada por Maceió (AL), com 109,9 homicídios por 100 mil habitantes, e que era a oitava em 2000. João Pessoa (PB), com 80,3, pulou da 13ª colocação para a segunda colocação (80,3).
Ainda entre as dez capitais, Recife (PE), com 57,9, é a quarta com mais assassinatos--era o primeiro lugar na lista de 2000. São Luís (MA) é a quinta colocada, com 56,1, Salvador  (BA) a sétima, com 55,5 (era a 25ª há 10 anos) e Belém (PA), com 54,5, é a oitava --era a 21ª em 2000.
Completam o grupo Curitiba (PR), sexta colocada, com 55,9, Vitória (ES), a terceira, com 67,1, Porto Velho (RO), em nono com 49,7, e Macapá (AP), décima colocada 49 homicídios a cada 100 mil habitantes.

Estados

No ranking por Estados, Alagoas aparece como o mais violento, com taxa de 66,8 homicídios por 100 mil habitantes. Na sequência vêm Espírito Santo (50,1), Pará (45,9), Pernambuco (38,8), Amapá (38,7), Paraíba (38,6), Bahia (37,7), Rondônia (34,6), Paraná (34,4) e Distrito Federal (34,2).
As unidades com as menores taxas, de acordo com o mapa, são Santa Catarina (12,9), Piauí (13,7) e São Paulo, que, com 13,9 homicídios por 100 mil habitantes, teve queda de 67% no índice em comparação com 2000.


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