sábado, 13 de agosto de 2011

Juiza é assassinada

Folha de S. Paulo, 13 de agosto de 2011.

Juíza que puniu policiais é morta com 21 tiros no Rio

Patrícia Lourival Acioli, 47, foi assassinada em emboscada em Niterói

Nome da magistrada, que estava sem escolta, constava de lista de pessoas marcadas para morrer, diz a polícia


DO RIO

Conhecida por seu rigor ao condenar policiais, a juíza Patrícia Lourival Acioli, 47, foi assassinada em frente de sua casa com 21 tiros, anteontem à noite, em Niterói (RJ). Ameaçada havia ao menos nove anos, ela não tinha escolta na hora do crime.
A polícia não descarta a participação de milícias, grupos de extermínio, agiotas, máfias de vans nem a hipótese de crime passional.
O presidente do Supremo Tribunal Federal, Cezar Peluso, pediu o apoio da Polícia Federal na investigação, mas a Secretaria de Segurança do Rio recusou a ajuda.
A lista de condenados pela juíza da 4ª Vara Criminal de São Gonçalo inclui bicheiros, membros de milícias e agiotas -a maioria policiais.
Segundo a polícia, as armas utilizadas pelos assassinos são de calibres .40 e .45, ambas de uso restrito da polícia e das Forças Armadas.
No mesmo dia do crime, a juíza decretou a prisão de oito policiais militares de São Gonçalo, acusados de homicídio e fraude processual.
No início do ano, a juíza figurava em uma lista de 12 pessoas marcadas para morrer, segundo a polícia.
A relação foi encontrada com Wanderson Silva Tavares, 34, preso em Guarapari (ES) por ordem de Acioli. Ele foi condenado por integrar um grupo de extermínio.
Apesar das ameaças, Acioli não tinha escolta policial desde 2007. O Tribunal de Justiça do Rio diz que ela dispensou a proteção. Familiares dizem que ela havia pedido segurança recentemente.

OS TIROS
Mais de dez testemunhas já foram ouvidas, entre vigias, vizinhos e o namorado da juíza, o policial militar Marcelo Poubel, 37 -o depoimento dele durou mais de seis horas.
De acordo com a investigação inicial, Acioli chegava em casa por volta das 23h45 quando foi fechada por homens em duas motos e ao menos um carro. Testemunhas, porém, disseram ter visto apenas uma moto.
A juíza foi atingida por 21 tiros em seu Fiat Idea. A polícia irá analisar as imagens de câmeras de segurança de uma rua próxima em busca de mais informações.
Na casa da juíza estavam seus três filhos, uma amiga identificada como Bernadete e o filho dela. Ela disse à Folha que notou movimentação na casa ao lado, cerca de meia hora antes de a juíza ser morta. A casa vizinha está vaga para ser alugada.
(CIRILO JUNIOR, DIANA BRITO, GUSTAVO ALVES, ITALO NOGUEIRA e MARCO ANTÔNIO MARTINS)



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