sexta-feira, 14 de março de 2014

Brasil real

Folha de S. Paulo, 14 de março de 2014.
 
Eliane Cantanhêde
É de amargar
BRASÍLIA - O Supremo encerrou o longo, tenso e polêmico julgamento do mensalão ontem, justamente quando foi confirmada uma aliança para o governo do DF que ainda vai dar muito o que falar.
Olha só quem participa: José Roberto Arruda, que renunciou ao Senado, caiu do governo do DF e foi até preso; Luiz Estevão de Oliveira, que foi cassado pelo Senado e tem uns 40 processos nas costas; Joaquim Roriz, que renunciou ao Senado e é ficha sujíssima, e suas duas filhas, Liliane e Jaqueline --que acaba de ser condenada em primeira instância.
A chapa ficou assim: Arruda para o governo, Liliane para a vice, Gim Argello (suplente de Roriz) para a reeleição ao Senado.
Uma turma da pesada... E que tem uma história bastante conturbada. Roriz foi mentor de Luiz Estevão e de Arruda, que tentou voo solo, foi abatido pelos rorizistas e estava rompido com o velho chefe. Eles todos se conhecem. E se merecem.
Logo, o maior escárnio não é eles se unirem, porque isso faz todo o sentido, mas o fato de poderem lançar chapa e disputar eleições para comandar o governo do DF, apesar das renúncias, cassações, condenações e prisões --que eu, tu, ele, nós, vós e eles estamos carecas de saber.
Sinceramente, dá um desânimo imenso, uma sensação de que nada muda mesmo, de que a esperança não é a última que morre. Ela morre e tudo continua como antes.
Segundo seus participantes, o chapão é contra a reeleição do governador Agnelo Queiroz, do PT, o que deveria levar o ministro petista Gilberto Carvalho a rever sua crítica, anteontem, num seminário em Brasília, à "criminalização generalizada" das autoridades públicas.
Pois é, gente, o que é generalizada, a criminalização ou a impunidade de poderosos? Parece que há quadrilhas demais e justiça de menos.
P.S.: Dilma fez pronunciamento na TV para badalar a redução da conta de luz. Vai fazer outro para explicar a conta de R$ 12 bilhões da energia?

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