Crise de insegurança
O entendimento entre governos estadual e federal lembra o que se verificou em São Paulo no final do ano passado, quando foi criada uma enigmática "agência integrada de inteligência" para interromper a escalada de assassinatos de policiais militares.
Por úteis que possam ser, os préstimos do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, mostram-se, em ambos os casos, aquém do necessário. Mais que uma ajuda tópica em momentos críticos, o governo federal deve ao país, há décadas, uma efetiva política nacional de segurança.
O fato de as polícias militares e civis estarem sujeitas à jurisdição estadual serve para obscurecer as responsabilidades federais. Quando os índices de criminalidade caem, o benefício é compartilhado; quando surgem crises, como os ataques recentes em Santa Catarina e São Paulo, os governos estaduais aparecem como culpados, enquanto a União se apresenta como instância externa, diligente e solidária.
Já é hora de o governo federal parar com o jogo de cena e assumir seus deveres. É urgente formular e implementar uma estratégia de combate à criminalidade adequada aos tempos atuais.
A expansão e a diversificação do crime organizado exigem investimento em tecnologia e ação conjunta de Estados e órgãos federais. É preciso fomentar a colaboração entre as polícias e organizar um sistema nacional de inteligência.
É indispensável, ainda, contar com presídios modernos e interromper, de uma vez por todas, a leniência de agentes públicos que propiciam o acesso dos detentos a celulares, drogas e armas. A Justiça não pode permitir o acúmulo de presos sem condenação ou que já deveriam ter sido soltos.
Embora alguns passos nesse sentido tenham sido dados nos últimos anos, ainda há muito a fazer. A segurança tem de ser tratada como prioridade nacional.
Os índices de violência no país, apesar de êxitos localizados, são alarmantes. E é patente a insatisfação dos cidadãos com os serviços públicos nessa área vital.
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