sexta-feira, 25 de novembro de 2011

PM em greve no Maranhão


O Globo 25 nov 2011

PM em greve ocupa Assembleia no Maranhão
Roseana Sarney recorre à Guarda Nacional e ao Exército para segurança nas ruas; aeroporto quase foi fechado
Raimundo Garrone

SÃO LUÍS. Em greve desde a noite de anteontem, cerca de mil policiais militares e bombeiros estão acampados na Assembleia Legislativa do Maranhão, onde aguardam o resultado de uma nova rodada de negociação com o governo do estado, que até o momento está irredutível em aceitar o aumento reivindicado de 30%.
Na manhã de ontem, depois de uma reunião com os deputados, o movimento grevista escolheu o presidente da Assembleia Legislativa, Arnaldo Melo (PMDB), para representá-lo junto à governadora Roseana Sarney (PMDB) em busca de um entendimento que possa pôr fim à greve, que paralisou praticamente 100% do efetivo militar em todo o estado. De acordo com Melo, não ficou estabelecido um prazo para as negociações.
- Entendemos que o plano do governo do estado para os militares deve ser bem fundamentado e baseado num orçamento que não venha a tumultuar a administração estadual em dias futuros. Nós, deputados, estamos prontos para discutir e votar o plano a ser apresentado pelo governo do estado - afirmou.
A pedido de Roseana, homens da Guarda Nacional e do Exército Brasileiro estão exercendo as funções dos militares em greve. A Secretaria de Segurança Pública não quis, alegando questões de estratégia, divulgar o efetivo que está nas ruas.
A paralisação do Corpo de Bombeiros ameaçou fechar o aeroporto de São Luís, o que foi evitado pela decisão da Aeronáutica e da Infraero de colocar pessoal próprio, especializado em combate a incêndios, para cumprir os requisitos de segurança e manter o aeroporto em funcionamento.
Um incêndio no Parque do Rangedor, onde fica a Assembleia Legislativa, provocado pela seca, foi debelado por carros pipas contratados pelo Legislativo.
No meio da manhã, o desembargador Stélio Muniz concedeu liminar, atendendo a um pedido do governo do estado, considerando a greve ilegal com base na Constituição que veda esse tipo de movimento aos militares.
Ainda na liminar, Stélio Muniz determinou a imediata suspensão do movimento de paralisação, sob pena de pagamento de multa diária de R$200, descontados na remuneração de cada policial e bombeiro em greve.
- Eu já quase não tenho salário, então não sei de onde eles pretendem descontar essas multas, pois vamos ficar acampados na Assembleia até que nossas reivindicações sejam atendidas - disse o coronel Ivaldo Barbosa, um dos líderes do movimento.
O governo do Maranhão ainda tenta junto ao juiz auditor da Justiça Militar, Vicente de Paula Gomes de Souza, a decretação da prisão dos líderes do movimento, com base no código penal militar, o que acirrou ainda mais os ânimos.
- Que venham nos prender - desafiou um dos líderes do movimento que preferiu não se identificar.
Em nota oficial, a Secretaria de Segurança Pública (SSP) afirmou que sempre manteve aberto o diálogo. E que durante o processo de conversação com policiais e bombeiro, diversos avanços foram obtidos pelas categorias.
Secretaria diz que salário é o sétimo do país
Entre esses avanços, segundo a secretaria, estão o aumento do auxílio-alimentação de R$120 para R$250, de forma linear, e a criação e regulamentação de nove unidades operacionais, com 4.466 novos cargos.
A secretaria disse ainda na nota que o policial militar do Maranhão recebe o sétimo salário no ranking nacional, no valor de R$2.028, maior que a remuneração de um PM no Rio de Janeiro, que é de R$1.137,49.
- O que acontece é que nesses estados existe uma série de benefícios que praticamente quadruplica esses salários - explicou o deputado Bira do Pindaré (PT), que apoia o movimento grevista.
No fim da tarde de ontem, o presidente do Sindicato dos Rodoviários, Dorival Souza, disse que se os policiais mantiverem a greve até hoje, o transporte coletivo deixará de circular durante a noite, por falta de segurança.

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